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Soja: Maio de 2020 será lembrado por gerações

Mês atípico cheio de altos e baixos na comercialização da soja, visto que foi o mês em que se teve soja disponível/balcão, na faixa dos R$100,00/saca

Ana Paula Alf Lima Ferreira – A última semana do mês de maio, iniciou, embora com feriado nos EUA e não tendo-se operações junto a Bolsa de Chicago, com o preço da saca de soja em queda. A queda foi bem significativa, chegando a 3% por saca em algumas cerealistas. Tal cenário acompanhou foi reflexo do dólar, que também iniciou a semana em queda.

Nota-se que até a quinta-feira (28/05/2020) a saca de soja apresentou queda, que acumuladas aproximaram-se dos 5%. Nota-se que com as desvalorizações do dólar e dos contratos futuros negociados junto à Bolsa de Chicago, teve-se uma redução dos valores domésticos da soja e seus derivados, diminuindo os fluxos de vendas reduzindo, assim, a liquidez no mercado interno.

Quanto aos fatos que colaboraram para a construção de tal contexto, pode-se destacar entre esses alguns como:

  1. Pandemia Covid-19 – Alguns países, já passaram pelos picos do vírus, e estão entrando no estágio de recuperação preparando-se para o pós, e aos poucos e em ritmo lento observar a retomada da circulação de pessoas e atividades econômicas.
  2. Plantio da safra Americana – condição favorável: Conforme projeções, ainda em nível de especulações, espera-se que até o dia 01/06/2020, quando será disponibilizado o novo relatório do progresso de safra nos Estados Unidos, de que se tenha aproximadamente a 89% das áreas destinadas ao plantio de milho semeadas e 75% da área de soja. Tais percentuais são melhores do que no mesmo período de 2019. E estariam estimulando produtores ampliar suas áreas produtivas, principalmente a de soja. No entanto vale a pena destacar, que algumas regiões tais como: Iowa, Illinois e Dakota do Sul, ainda estão enfrentando problema com solo alagado, mas com a projeção de temperaturas elevadas devem reverter tal quadro.
  3. Conflito EUA x China: Os tensões seguem alta entre os países, com discursos tensos entre os mesmos, porém a situação ficou mais complicada à partir de quinta-feira, quando a possibilidade da criação de novas medidas, principalmente com objetivo de limitar a autonomia de Hong Kong, começaram a serem discutidas, o que afetaria acordos feitos entre os países. Outro fator que agitou a semana entre ambos, foi a resolução criada na China que autoriza a constituição de um Comitê Permanente do país a fim de elaborar uma nova lei de segurança nacional para Hong Kong. Ainda entre, os fatores que alarmaram as tensões entre os países, ainda se tem que os EUA, aprovou a Lei de Política de Direitos Humanos Uigur de 2020, a qual resulta em sanções à Pequim por causa de desigualdade no tratamento de minorias.
  4. Brasil: As fragilidades politicas e de enfrentamento a Pandemia, afetam estruturalmente/economicamente/socialmente a população, e cria uma sensação de insegurança do país, para ademais investidores.
  5. Estiagem prolongada: Os danos da estiagem prolongada, vivenciada na região Sul do país, afetou a produção de soja e gera ainda impactos e instabilidades, para os próximos ciclos produtivos.
  6. Real x Dólar: Com o fortalecimento do dólar ante o real, observou-se um maior estimulo de vendas externas do Brasil. O que é comprovado pelos índices alcançados no mês: Exportação de soja (safra 2020) recorde de 56,7 MTs vendidas, superando o mesmo período de 2019 em 44% à mais. Ainda conforme Anec, há fortes indícios que iremos fechar o mês de maio com embarques para o exterior com um volume de 14 milhões de toneladas de soja.

Desta forma o Gráfico 01, demonstra o reflexo do cenário mundial, junto as principais cerealistas da região, indicando as alterações de preços pagos pela saca de soja junto a região.

Gráfico 01: Alterações do preço pago pela saca de soja (60kg), junto as principais cerealistas da região Noroeste/RS, na semana de 25 à 29/05/2020.

*Por questão de ética, optou-se por categorizar o nome das cooperativas / Fontes: Coleta de Dados, (2020).

As variações de mercado, para o Milho e Trigo, se mantiveram estável, não ocorrendo mudanças dos preços pagos, os quais foram os mesmos durante todo o mês de Maio.

No que ser refere o Milho, teve-se início a colheita da segunda safra 2019/2020, a qual já apresentou um sinal de alerta, após anuncio de que a mesma terá atrasos para estar disponível ao mercado, visto que o período de plantio foi tardio, o que também pode vir a comprometer com os índices de produtividade. Segundo a consultoria, Agroconsult, o Brasil terá colhido 22% da área até junho, 13 pontos percentuais abaixo da média de 35% alcançada em igual período da temporada anterior. A segunda safra de milho 2019/20 no Brasil está estimada em 71,7 milhões de toneladas.

Neste contexto, o Quadro 01, apresenta as médias da semana paga pelas cerealista da região tanto para o Milho quanto para o Trigo.

Quadro 01: Alterações do preço pago (R$) pela saca de: TRIGO e MILHO, junto as principais cerealistas da região Noroeste/RS, na semana de 25 à 29/05/2020.

preco do milho e triho em maio de 2020

Ainda com relação ao Milho, nota-se que embora os preços estejam estável, ainda na região estão se pagando valores consideráveis, principalmente se comparar com a realidade do Mato Grosso, onde por exemplo ,em Rondonópolis, o preço máximo pago pela saca(balcão) foi R$ 37,00 ou em Canarana R$ 35,90. No Mato Grosso do Sul, o melhor preço está em Chapadão do Sul, onde a média máxima (balcão) chega R$41,00.

Enfim, fechamos o mês de maio, cheio de altos e baixos. Mas com certeza esse será um mês que será lembrado por gerações, visto que foi o mês em que se teve soja disponível/balcão, na faixa dos R$100,00/saca e comercializou-se contratos futuros no mesmo patamar.

Mas como dizia o poeta, Jayme Caetano Braun: “ … Mas o que é bom se termina; Cumpriu-se o velho ditado.”

Fechamos o mês de Maio de 2020, com o preço pago pela da saca de soja ( disponível/contratos futuros), em baixa e Milho/Trigo estável e Dólar em baixa ( comparada com a semana anterior). De um lado estamos apreensivos para vender, mas talvez seja um bom momento para quem ainda não o fez, comprar insumos para os próximos ciclos produtivos, sem esquecer de dar atenção ao solo, a maior riqueza do produtor.

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