Verdade ou Mito: A baia é inimiga do seu cavalo

Muitos proprietários julgam que deixando seus animais em baias estão prestando um grande favor para eles. Verdade ou Mito?

No entanto a falta de ventilação, a má qualidade da forração (cama) e a troca tardia da cama podem tornar as baias verdadeiros infernos para os animais. O calor exagerado e a presença de fungos na cama podem causar grandes transtornos como doenças respiratórias graves ou mesmo desencadear patologias como a anidrose (deficiência na sudorese).

Porém, a grande inimiga é a amônia. Qual de nós já não sentiu um ardor nos olhos e/ou narinas, quando adentramos uma baia ou mesmo um corredor de cocheira? Julgamos que este odor é normal, é o ‘cheiro de cavalo’, porém, na verdade, se sentimos incômodo ao conviver com este odor momentaneamente imaginem ter que conviver com ele várias horas por dia, ter que dormir deitado num ambiente impregnado com este odor. No caso dos potros, que passam horas deitados, é ainda mais grave e perigoso.

Causas da Presença do Odor de Amônia

A dieta interfere diretamente no teor de amônia. Uma dieta com alto teor proteico, muitas vezes por ser uma dieta desbalanceada, produz mais ureia na urina e um cavalo urina de 5 a 7 litros por micção.

Por mais cama que exista na baia, com esta quantidade de urina, se torna impossível manter a cama seca. Desta forma, a cama encharcada serve como substrato para as bactérias transformarem ureia em amônia.

Efeitos Deletérios da Amônia

Já está provado que a amônia não causa apenas desconfortos, como tosse e irritação dos olhos. Estudos mostram que potros que permaneceram encocheirados apresentaram significativamente mais problemas respiratórios do que potros criados em liberdade ou que permaneceram menos tempo presos.

Da mesma forma que amônia irrita os olhos fazendo com que lacrimejem, ela causa irritação nas vias aéreas dos cavalos e os pulmões produzem muco, que prejudica a função respiratória, causando obstrução e dificultando a troca gasosa.

A cada dia que passa nós, veterinários, encontramos casos mais frequentes de hemorragia pulmonar induzida pelo esforço. Uma das grandes causadoras da hemorragia é a D.P.O.C (doença pulmonar obstrutiva crônica) originada dos problemas causados pela má qualidade de alojamento ou mesmo por excesso de confinamento.

Para os funcionários que trabalham diretamente com cavalos, tendo como responsabilidade a troca de cama, a inalação do vapor de amônia também é prejudicial, da mesma forma que é para os cavalos e pode, inclusive, causar vômitos e tonturas. Estudos da Universidade do Kentucky (EUA) mostraram que o nível de amônia sobe de 2,5 para 228 partes por milhão (ppm) após duas semanas de uso da mesma cama.

Soluções para Diminuir o Nível de Amônia

Após mostrarmos os efeitos deletérios da amônia vamos mostrar 7 soluções para o problema:

A primeira e mais lógica é deixar os animais o maior tempo possível em liberdade, se possível em tempo integral.

A segunda, é limpar as baias regularmente, removendo as frações impregnadas por urina diariamente. Se possível, uma vez por semana, agrupar a cama junto as paredes da baia para arejar o piso.

A terceira, é escolher um material de boa qualidade como cama, pois algumas forrações já tem por si só um odor desagradável e ainda absorvem a urina. A areia é um ótimo material no entanto, alguns animais tem por hábito comê-la, o que é muito perigoso.

A quarta, é dar aos animais uma dieta equilibrada de acordo com sua função, evitando o excesso de proteína. Existem medicamentos que se propõe a diminuir o teor de ureia em dietas, com alto nível proteico, porém é mais sensato que se ofereça uma dieta equilibrada, o que inclusive gerará economia.

A quinta, é retirar o animal enquanto se limpa ou remove a cama. No caso de animais que estejam confinados por motivo de força maior, o ideal é colocá-los em outra baia enquanto a dele é limpa.

A sexta diz respeito ao piso da baia, que também pode ajudar. Deve-se dar preferência a pisos mais porosos, que absorvam a urina e não a armazenem. O centro da baia pode ser rebaixado para que a urina drene mais facilmente. Estrados de borracha podem ser positivos, porém são muito onerosos e de difícil manejo.

A sétima e última dica é, talvez, a mais importante e diz respeito a ventilação. Baias bem construídas devem ter boa ventilação através de janelas, telhados altos e sem forro. Pode-se até colocar exaustores eólicos para sugar os vapores da amônia.

Nós não vamos conseguir eliminar totalmente a amônia das baias, mas seguindo estes ‘mandamentos’, poderemos melhorar a qualidade de vida de nossos animais e conseqüentemente sua saúde! Procure deixar seu animal em liberdade, é mais sadio e ele será mais feliz. E, finalmente, aquele odor típico de cocheira não é cheiro de cavalo, é cheiro de amônia e seu cavalo não gosta deste cheiro.

Fonte: Cavalus



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