Agro supera síndrome de Jeca Tatu para liderar o Brasil

Imagem de vilão do século passado é superada com produtividade e sustentabilidade; agro é único setor da economia com crescimento na pandemia

Por Marcio Peruchi*Jeca Tatu é um personagem criado por Monteiro Lobato e eternizado por um filme de 1959, estrelado por Mazzaropi. Ele representava um trabalhador rural e suas principais características eram: preguiça, modo caipira e sempre de roupas rasgadas. Recentemente Xico Graziano publicou um vídeo falando sobre os fatores que degradaram a imagem do agro ao longo do último século, e citou o “efeito Jeca Tatu” que coincidiu com o grande êxodo rural entre as décadas de 50 e 70, onde cita que ficou impressa a imagem que quem permaneceu no campo era atrasado, ou “ficou para trás”.

Dadas as explicações, observa-se que o agro brasileiro está superando essa fase para tornar-se protagonista da sua própria história e, principalmente, do Brasil.

Segundo o IBGE, a Agropecuária foi o único setor da economia com crescimento na pandemia, os resultados positivos foram puxados pelo bom desempenho da safra, como a da soja, no primeiro trimestre do ano. O setor apresentou crescimento de 0,6% no primeiro trimestre de 2020, em relação a igual período do ano anterior, no caso primeiro trimestre, a agropecuária teve crescimento de 1,9%. Diferente do país que teve seu PIB retraído.

um sentimento de heroísmo impregnado em cada produtor rural, ele vê no noticiário, inclusive aqui (no portal), o Brasil exportando milhões de toneladas de carne e grãos para o mundo todo, sabendo que é ele o elo mais forte disso, podendo contribuir para o “Celeiro do Mundo“. A missão de salvar o mundo passa pela alimentação, sem sombra de dúvida.

Engana-se também quem acha que o produtor rural não é estudado. Hoje, os pais de um jovem que nasce no campo, aprende desde cedo que ele precisa ir para a cidade estudar para poder trazer mais lucratividade para sua propriedade, é de extrema importância buscar o conhecimento.

Melhor aproveitamento dos recursos naturais e maior produtividade na Agricultura, durante os últimos 40 anos o setor cresceu pelo menos 3,43% ao ano. Nesse tempo, a produção de grãos passou de 40,6 milhões de toneladas para 237,8 milhões de toneladas. Os destaques são a cultura da soja e de milho 2ª safra. A produção de carne bovina passou de 1,8 milhão de toneladas para 7,7 milhões de toneladas. A quantidade de carne suína cresceu de 500 mil toneladas para 3,8 milhões de toneladas e, de frango, de 373 mil toneladas para 13,6 milhões de toneladas.

Na produção animal, nosso calcanhar de Aquiles é o bem-estar animal. A sociedade está sempre vigiando as nossas ações, principalmente alguns nichos que defendem uma alimentação vegetariana. Mas, para a infelicidade deles, isso também está sendo vencido, observa-se nas redes sociais existe um grande movimento pelo bem-estar animal. Dados da Embrapa mostram maior produtividade dos animais quando bem tratados, sendo assim, não faz o menor sentido maltratá-los.

A exigência de que o tratamento do gado seja mais humano é algo que está cada dia mais presente na cadeia de produção de carne tanto para o Brasil quanto para as exportações, por isso que o manejo racional tanto falado hoje em dia é levado muito à sério. Há pouco tempo foram divulgados dados mostrando que vacas que recebem carinho produzem mais leite. “Seu eixo adrenal hipotálamo fica mais equilibrado e, com isso, ela fica menos reativa e mais mansa. A hipótese é que a vaca conseguirá ter um melhor período pós-parto e terá um retorno ao cio mais rápido”, sugere a veterinária Helena Mendes, participante da pesquisa.

O Brasil pode crescer mais, o país tem cerca de 61 milhões de hectares de pastagens sem manejo, com pouca ou nenhuma produtividade. Das áreas cultiváveis do Brasil aproximadamente 44% são ocupadas com pastagens, 46% destas áreas estão sem uso e apenas 10% são utilizadas para integração com agricultura. A degradação das pastagens é um dos principais problemas enfrentados pela pecuária brasileira, se o produtor começar a fazer os manejos necessários nessas áreas, o Brasil poderá aumentar substancialmente a produção de carne.

É claro que nem tudo é um mar de rosas, vale lembrar que o Brasil é um país atravancado pela corrupção e falta de diversas reformas, inclusive a política e tributária. Entretanto, mesmo com o “freio de mão puxado”, o país vem crescendo em produtividade e sustentabilidade, o produtor rural brasileiro tem total responsabilidade nisso, e continuará encarregado de alimentar o mundo e tornar o Brasil celeiro do mundo.

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