Arroba despenca 11,78%; Pecuarista precisa ter cautela

China solicita documentação para liberar carga brasileira de carne, mas é preciso entender os fatos e, claro, o pecuarista precisa ter cautela neste momento!

O mercado físico de boi gordo registrou preços predominante mais baixos nesta terça-feira, 26, independente da praça pecuária avaliada pelo Portal. A China retomou, nesta terça-feira (26/10), o processo para liberar a entrada de cargas de carne bovina exportada pelo Brasil após 4 de setembro – mas que haviam sido certificadas antes do autoembargo -, quando foram suspensas as certificações por parte do governo brasileiro devido a dois casos atípicos de mal da vaca louca no país. Segundo a consultoria Agrifatto, pelo menos três frigoríficos já foram notificados pelas autoridades chinesas para enviar a documentação relacionada a carne paralisadas nos portos chineses. Ou seja, não está relacionado a um possível fim do embargo chinês, que continua vigente.

Como de se esperar, neste momento, os frigoríficos seguem pressionando os criadores, tentando realizar compras até mesmo abaixo das referências médias de preços para as boiadas. O pecuarista por sua vez, segue sem boas condições de reter os animais diante dos altos custos de nutrição e ainda com as chuvas que dificultam o manejo. A palavra agora é CAUTELA, já que muitas especulações vão acontecer e, claro, o embargo ainda está de pé!

A queda drástica nas cotações foi noticiada no fechamento do Indicador do Cepea para o Boi Gordo, no dia 26, onde a média teve uma nova desvalorização com um recuo de -2,32%, deixando o boi no menor patamar dos últimos 12 meses, atingindo o valor de R$ 257,25/@. Ainda segundo a instituição, o boi gordo acumula uma variação negativa de -11,78% no comparativo mensal.

O valor atingiu o menor preço do Indicador no ano, confira o gráfico abaixo. Ainda segundo os dados o preço em dólar segue nas mínimas do ano, fechando cotado a U$ 46,21/@, deixando o boi brasileiro como o mais barato do mundo.

Já a Scot Consultoria, a falta de apetite das indústrias e a oferta consideravelmente melhor pressionaram para baixo os preços nas praças paulistas. A queda foi de R$1,00/@ para as três categorias destinadas ao abate na comparação diária. A arroba do boi está precificada em R$265,00, preço bruto e a prazo. Porém, já ocorrem negócios pontuais de até R$10,00/@ abaixo da referência.

Para vaca e novilha gordas há poucos negócios e as cotações estão, respectivamente, em R$259,00/@ e R$273,00/@, preços brutos e a prazo. Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 258,80/@, na terça-feira (26/10), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 240,484/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 268,60@.

Preço diário, últimos 30 dias
Preço dos últimos 12 meses

Depois de quase dois meses sem novidades, finalmente se escuta notícias da China. Nesta terça-feira, novidades positivas apareceram no radar, uma carga enviada depois do dia 04/09/21 foi internalizada. Enquanto o caso se desenrola, a referência dos negócios realizados no mercado físico do boi gordo está na casa de R$ 263,00/@. Na B3, o contrato futuro de boi gordo com vencimento para nov/21 fechou o dia cotado em R$ 283,30/@, valorizando 3,36% no comparativo diário.

Cautela, tenha muita nesse momento

Nas notícias de ontem, destaque para a informação da consultoria Agrifatto, de que um lote de carne bovina produzida no Tocantins teria recebido autorização para ser vendida aos chineses. “Se confirmada, será a primeira venda após o embargo e também sinalizaria que a retomada dos embarques brasileiros ao nosso até então maior mercado estaria prestes a se concretizar”, completou o analista.

De acordo com a diretora da Agrifatto, Lygia Pimentel, é o processo normal para que a carne já exportada entre no mercado chinês. Ela destaca que a documentação refere-se à carga já certificada para a exportação, mas embarcada após a suspensão. Ou seja, não está relacionado a um possível fim do embargo chinês, que continua vigente.

A carne foi certificada em 26/08 e embarcada em 10/09. A carne chegou em 15 de outubro, mas estava penalizada devido ao embargo chinês. De acordo com Beckerman, esse pode ser um sinal de que outros serão liberados, embora isso seja apenas uma especulação por enquanto. Entretanto, é necessário cautela, pois há outros 21 pedidos na fila que ainda podem ser negados. O lote liberado é oriundo do Tocantins e há chance de que os do Mato Grosso sejam bloqueados. Os lotes serão analisados caso a caso. 

Alguns pecuaristas brasileiros informaram que estavam colocando boi de confinamento de volta no pasto, postergando o abate, devido à queda nos preços, mas essa é uma estratégia arriscada e baseada em uma especulação. 

Para Pimentel, é preciso que o Brasil crie um branding. Se 70% a 75% do gado é criado a pasto, é feito de uma maneira muito natural, que reabsorve carbono e isso precisa ser promovido. É preciso levar o conhecimento sobre a carne brasileira ao mercado chinês. Enquanto aqui todos pensam que os chineses adoram a carne brasileira, na realidade o chinês nem sabe que a carne brasileira está lá. Eles não vão ao supermercado comprar carne brasileira, consumindo esse produto de uma outra forma.

Assim, ela diz que há uma ignorância grande da parte dos brasileiros sobre como funciona o mercado chinês de carne e que isso precisa ser combatido, promovendo as qualidades da carne brasileira. Na realidade, o branding já feito pelo Brasil mirou mercados de maior valor, como Coreia e Japão e é preciso que também seja feito na China.

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Com isso, em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 264 na modalidade à prazo.
  • Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 245.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 265.
  • Em Cuiabá, a arroba foi negociada por R$ 250.
  • Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 251.

Atacado

No mercado atacadista, os preços da carne bovina ficaram estáveis nesta terça-feira. Mas, conforme Iglesias, a perspectiva ainda é de alguma queda dos preços, mesmo no período de virada de mês. “Os frigoríficos ainda trabalham com câmaras frias lotadas, aguardando uma posição mais contundente por parte da China. Os cortes do dianteiro acumulam queda mais expressiva nos preços na comparação com o traseiro, consequência do giro dos estoques realizados por alguns frigoríficos”, disse ele.

Assim, o quarto dianteiro permaneceu precificado a R$ 13,50 por quilo. A ponta de agulha segue no patamar de R$ 13,25 por quilo, e o quarto traseiro permaneceu a R$ 20,50 por quilo.

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