Chineses fazem “corrida maluca” por soja brasileira

Sem impacto do coronavírus, embarques de soja nos portos brasileiros seguem fortes no Brasil e lineup é 40% maior na comparação anual

Os embarques de grãos do Brasil continuam acontecendo normalmente e ainda não são impactados pelas questões ligadas ao coronavírus. No caso da da soja, inclusive, o lineup brasileiro, até meados de abril, já se mostra quase 40% maior do que no mesmo período do ano passado, segundo números levantados pela ARC Mercosul.

Os compromissos de vendas são de 24,9 milhões de toneladas para o período, considerando navios que já embarcaram, que estão embarcando ou aguardando e mais os que estão chegando, como explica o analista de mercado da consultoria, Cristiano Palavro, em entrevista ao Notícias Agrícolas. E isso é um recorde para o país no período em questão.

E isso acontece, como explica o analista, “porque os chineses estão comprando agressivamente a soja brasileira, porque os produtores realizaram bons negócios, aquecendo as vendas neste começo de 2020”, diz. “Até mesmo embarques para agosto foram negociados na semana passada”, completa.

Somente nas primeiras semanas de março, o Brasil embarcou 4,29 milhões de toneladas de soja em grão, de acordo com números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) divulgados na última segunda-feira (16). E a expectativa é de que esse total, no final do mês, passe de 10 milhões de toneladas, dado o bom ritmo dos embarques nacionais.

Em todo o ano, foram embarcadas já 10.897,3 milhões de toneladas, contra o mesmo período de 2019, de 9,3 milhões. “O complexo soja já trouxe quase US$ 1,7 bilhão em divisas e segue em disparada como melhor produto na pauta de exportação”, diz Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.

Gráfico mostra exportações de soja do Brasil no acumulado de janeiro a fevereiro detalhando seus principais destinos – Fonte: Secretaria de Comércio Exterior

Em todo o complexo – soja grão, óleo e farelo – são mais de 13 milhões de toneladas embarcadas, com seu ritmo seguro, sem impactos do coronavírus e os desdobramentos de sua pandemia.

Gráfico mostra exportações de farelo de soja do Brasil no acumulado de janeiro a fevereiro detalhando seus principais destinos – Fonte: Secretaria de Comércio Exterior

A força da demanda tem ainda promovido uma alta nos prêmios da soja brasileira, pelo menos, nas últimas duas semanas. Segundo a ARC Mercosul, a referência abril tem trazido referências de 48 a 55 cents por bushel acima dos valores praticados na Bolsa de Chicago.

Para referências um pouco mais distantes, os valores passam a algo próximo de 65 centavos de dólar, contra 60 centavos no Golfo. E como alerta Palavro, a partir de junho, a soja brasileira já começa a ficar mais cara do que a americana. “Para novos contratos, com embarques a partir de junho, a referência no Golfo passa a US$ 327,00 por tonelada e no Brasil, US$ 329,00”, explica.

O analista de mercado da ARC Mercosul lembra ainda que as compras da China para março estão, relativamente, boas, cobrindo sua demanda, porém para abril e maio ainda precisam de mais volumes para cobrir seu consumo. “Aí sim, se atrasar embarques aqui no Brasil, a situação pode sim se agravar. De toda forma, estoques de farelo estão baixos, e preços em alta por lá’, diz Cristiano Palavro.

Adaptado de Notícias Agrícolas

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM