Com trabalho árduo pecuarista eleva peso médio do bezerro desmamado

Evolução do peso do bezerro desmamado no Brasil é grande nos últimos anos; “essa evolução de peso do bezerro desmamado é de tirar o chapéu”

Por Marcio Peruchi* – Em gráfico divulgado recentemente, o CEPEA aferiu a evolução do peso médio dos bezerros nos últimos 22 anos. Os dados mostram claramente uma generosa evolução, isso só confirma o excelente trabalho que o pecuarista brasileiro faz da porteira para dentro, animal bem tratado em todos os processos, começando pela melhor nutrição da matriz, ainda prenhe, até a desmama realizada, muita das vezes, no sistema lado a lado, onde o bezerro sentirá menos.

Vemos claramente o peso médio do bezerro saltar dos 175kg em 2002 para 212kg em 2022, um salto superior a 17% em 22 anos.

evolucao do peso medio do bezerro desmamado na pecuaria brasileira
Fonte: CEPEA

Um dos maiores especialistas em pecuária no país, o pecuarista e editor da Revista Carta Pecuária, Rogério Goulart enalteceu o fato. “A dedicação e zelo em produzir um excelente animal com produtividade dentro da fazenda, combinado com o uso de genética, coisas do dia a dia que o criador sabe bem como é fizeram isso. É claro que o mercado sobe e desce, mas essa evolução de peso do bezerro desmamado é de tirar o chapéu.”

bezerro nelore - fotao top capim verde
Foto: Divulgação

Esses dados são antagónicos a realidade que a pecuária brasileira vive nos últimos tempos, títulos como esses – “Preço do bezerro vai continuar caindo em 2022?” e “Preço do bezerro atingiu o “fundo do poço”?” – se tornaram uma realidade difícil de acreditar. Se da porteira para dentro o pecuarista está fazendo o seu papel com louvor, da porteira pra fora há um desanimo no ar. Nos últimos meses o estado anímico do produtor rural brasileiro caiu no limbo. Além dos preços em franco declínio, a situação política do nosso país pesou bastante, dentre outros fatores.

Ainda em abril, perguntada sobre o “fundo do poço”, a especialista Lygia Pimentel, CEO da Agrifatto, apresentou algumas informações interessantes sobre o cenário do ciclo pecuário em 2023. “Estamos em fase de baixa de ciclo pecuário, isso significa que, após retermos fêmeas – entre 2020 e 2021 – aumentamos, consequentemente, a produção e os preços perderam sua sustentação”.

“Mas o fato é que a janela de oportunidade para a compra de animais pouco erados está aberta e escancarada. E podemos afirmar isso porque o ciclo pecuário não falha. Para quem tiver boas condições de pastagem e caixa para investir, o momento é de lotar a fazenda para chegar à próxima fase de alta com um estoque de arrobas maior e, consequentemente, uma maior exposição às variações de mercado.” – afirmou Lygia a época.

bezerrada nelore mocho
Foto: Nelore Mocho Boticão

Fatores que elevaram o peso médio do bezerro desmamado

Essa elevação do peso médio do bezerro desmamado no Brasil é fruto de planejamento. Um aspecto relacionado à busca pelos melhores desempenhos dos bezerros é o momento do nascimento. Essa diferença pode ser observada entre um bezerro que nasceu no período chamado de “cedo” para outro nascido no “tarde”. “Não é incomum desmamar um bezerro que nasceu no ‘cedo’ com 240kg e ter um animal nascido no ‘tarde’ desmamando com 180kg”, detalha o médico-veterinário Paulo Eugênio de Carvalho.

Ele reforça que o controle preventivo também oferece mais condições para se atingir o potencial produtivo do gado, sem intercorrências sanitárias no período de desmame. Uma correta cura do umbigo, o bom manejo de maternidade e as avaliações para saber se o bezerro mamou o colostro na hora certa também são vitais neste período.

“Depois da maternidade, os primeiros desafios sanitários são as diarreias, controle de carrapato e pneumonia. É primordial ter eficiência na identificação desses sintomas, com diagnóstico rápido e sem deixar que esse bezerro entre em fase crônica. O ideal é começar o tratamento rápido para que o animal volte a ganhar peso novamente”, comenta Carvalho.

Genética bovina de qualidade colabora também

O abate de bovinos aumentou 11% no segundo trimestre de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Cristiano Botelho, executivo da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), “o maior volume de abate está ligado ao investimento consolidado em genética bovina de qualidade”.

Para Botelho, não é novidade o tamanho do desafio enfrentado pelo produtor nos últimos meses, principalmente em relação ao preço pago pelo gado e aos custos de produção. “Essa elevação no abate de bovinos mostra que, apesar da arroba do boi estar em um período de grande baixa, desafiando cada vez mais o produtor, o pecuarista não deixa de produzir e de investir de forma assertiva em genética, nutrição e saúde animal”.

O cuidado na seleção de animais com qualidade genética superior contribui decisivamente para o aumento de produtividade, o que resulta em maior lucratividade ao pecuarista e oferta crescente de carne ao mercado. “Foi exatamente isso o que aconteceu, de acordo com os dados do IBGE. Temos aumento tanto em número de animais abatidos como em volume de carcaça”, complementa o executivo.

O IBGE aponta para 8,2 milhões de animais abatidos e 2,1 milhões de toneladas de carne comercializadas. Em relação a este último dado, há aumento de 9,5% na comparação com o segundo trimestre de 2022. O volume de carne produzida também cresceu consideravelmente frente o acumulado do trimestre anterior (jan a mar 2023: 12,6%).

Cristiano Botelho entende que “ao passo em que aumenta a disponibilidade de genética bovina de qualidade e o seu acesso se torna cada vez mais democratizado, os números da pecuária nacional devem evoluir gradativamente. O investimento em melhoramento genético, assim como a atenção à sanidade animal e à nutrição, são fatores totalmente ligados ao sucesso do negócio”.

Iniciativas como “Cada Bezerro Importa” também estão contribuindo para a melhor saúde e peso dos bezerros à desmama. Esse curso conta com a experiência de mais de 20 anos em fazendas de cria do os fundadores da BE.Animal (Fernanda Macitelli Benez, Mateus Paranhos da Costa e Janaína Braga). Essa 3a edição está ainda mais interativa e dinâmica, para que os participantes apliquem a teoria na prática e saibam como aplicar as boas praticas de manejo e criação de bezerros, do nascimento a desmama, na realidade de qualquer fazenda.

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*Marcio Peruchi é diretor do portal de notícias CompreRural.

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