Comprovado! O maior ambientalista é o produtor rural

A Justiça Divina tarda, mas não falha: a Embrapa analisou dados do CAR e comprova que o maior ambientalista é o produtor rural.

Grande produtor de alimentos, energia e fibras, o Brasil é uma potência em preservação ambiental com cerca de 67% de seu território em vegetação nativa preservada ou protegida. É o que aponta a primeira análise das informações de mais 4 milhões de produtores inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR), realizada pela Embrapa Monitoramento por Satélite. Eles preservam mais vegetação nativa em seus imóveis do que todas as unidades de conservação juntas.

Os cálculos da Embrapa demonstram o papel único da agropecuária na preservação ambiental: as unidades de conservação protegem em vegetação nativa o equivalente a 13% do Brasil e os produtores mais de 20% do país, como áreas de preservação permanente, reserva legal e vegetação excedente.

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Fonte: Embrapa

No Sul, as unidades de conservação e terras indígenas protegem 2% da região. Nos imóveis rurais, os produtores preservam o equivalente a 17% dos estados, oito vezes mais.

Dentro da área agrícola, os produtores preservam 26% das terras, número superior à exigência do Código Florestal.

No Sudeste, ainda sem os dados do Espírito Santo, os produtores preservam em seus imóveis 17% da região em vegetação nativa contra 4% em áreas protegidas. Na área rural, eles preservam 29% de suas terras, número também superior à exigência da legislação ambiental.

No Centro-Oeste, ainda sem os dados do Mato Grosso do Sul, os produtores preservam em seus imóveis 33% da região, contra 14% em áreas protegidas. Na área agrícola, eles preservam 49% de suas terras, praticamente a metade, número bem superior à demanda do Código Florestal.

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No Norte, no Tocantins, a agricultura preserva o dobro da área total das unidades de conservação e terras indígenas: 20% contra 10%. Nos imóveis, os produtores apresentam uma taxa de preservação da vegetação nativa de 56%! Esse é o único estado da região não inserido integralmente no bioma Amazônia. Nos estados amazônicos, a proteção ambiental é muito abrangente: 71% do Amapá, 53% do Amazonas e 50% do Pará, além de amplos territórios recobertos por floresta tropical em terras devolutas.

No Nordeste, ainda faltam muitas áreas cadastráveis no CAR. Mas, para indicar o papel dos agricultores na preservação da vegetação, os dados disponíveis já bastam. Na maioria dos estados nordestinos, os produtores preservam mais de 50% da área de seus imóveis quando a exigência é de 20% (salvo em parte do Maranhão). A área preservada pela pequena parcela de agricultores cadastrados no CAR (34%) até 2016, já representava cerca de 20% da região, enquanto as áreas protegidas conservam menos de 10%.

O cadastramento segue até dezembro e os dados sempre serão atualizados. Não há no Brasil nenhuma categoria profissional: minerador, médico, professor, industrial, militar, promotor, economista, que preserve tanto o meio ambiente como os agricultores. Salvo na Amazônia, não há nenhuma instituição, secretaria, órgão federal ou estadual, empresa privada ou organização não governamental que preserve tantas áreas de vegetação nativa, como os produtores rurais: 19% do Brasil.

Esse enorme esforço de preservação nos imóveis rurais beneficia toda a Nação. O custo decorrente de imobilizar e manter essas áreas recai apenas sobre o produtor, sem contrapartida da sociedade, principalmente dos consumidores urbanos. Destes, os produtores esperam, no mínimo, o justo reconhecimento, sem a demonização de suas atividades de produzir alimentos, e mais conhecimento de suas realidades.

Por Evaristo E. de Miranda
Doutor em ecologia, engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa, favorável ao porte de armas, como canivetes, pelo cidadão, sobretudo no mundo rural, e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.

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