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Conheça os tipos de milho utilizados na pecuária

Afinal de contas, você já se perguntou: “Será que milho é tudo igual?” Conheça abaixo os tipos de milho utilizados na alimentação animal!

Grande parte dos sistemas de produção de leite brasileira trabalha com silagem de milho como volumoso principal ou exclusivo. Além disso, nas dietas típicas brasileiras, a principal fonte de carboidrato dos concentrados é o amido do milho. Com isso, normalmente entre 50% e 90% dos carboidratos não fibrosos dessas dietas vêm do milho. 

Dietas de vacas em lactação têm normalmente entre 35% e 40% de carboidratos não fibrosos, sendo esta a principal fonte de energia das dietas. Uma vez que o milho é a principal fonte destes carboidratos, a digestibilidade de seus grãos assume importante papel na definição do valor energético das dietas. 

O grão de milho pode ser classificado segundo sua dureza. O endosperma do grão (região em que localizam os grânulos de amido) se divide em duas partes de composição semelhante no que diz respeito ao teor de proteína bruta e amido, mas totalmente distintas sob o ponto de vista de sua estrutura física, podendo ser vítreo ou poroso. Normalmente, o grão de milho tem os dois tipos de endosperma, e sua proporção é o principal fator de definição da dureza do grão de milho. 

Baseado no tipo de endosperma do grão, podem-se dividir os híbridos de milho em duas categorias principais: milho dentado ou macio (predomina o endosperma farináceo ou poroso) ou milho duro ou “flint” (predomina o endosperma vítreo ou duro).

Seguem abaixo algumas das principais diferenças dos dois tipos de endosperma: 

– O principal fator determinante da estrutura física do endosperma é a ligação dos grânulos de amido com as proteínas do endosperma (zeínas). No endosperma vítreo ocorre abundante presença de matriz protéica aderida. 

– Os grânulos de amido são poligonais e compactos no endosperma vítreo e esféricos e com espaços entre eles no endosperma farináceo; 

– Corpos protéicos são maiores e mais numerosos no endosperma vítreo. Endosperma vítreo tem 3,3 mais #-zeínas que endosperma farináceo; 

– As células são maiores e têm parede celular mais fina na porção farinácea; 

– A matriz protéica no endosperma farináceo é extremamente resistente à colonização por microorganismos; 

– O teor de proteína bruta do grão é independente da textura.

Figura 1: Milho dentado com indentação típica no topo do grão e endosperma farináceo (a) e milho duro (flint) com topo do grão arredondado e alta proporção de endosperma vítreo (b).

A tabela abaixo mostra o impacto da textura do grão de milho sobre a degradação ruminal do amido. A redução da degradação ruminal alterou o local de degradação, levando maior quantidade de amido à fermentação no intestino grosso. Vale salientar que, como esse dado foi determinado em um experimento com novilhos, em vacas em lactação provavelmente a maior taxa de passagem agrave o problema, reduzindo ainda mais a degradação ruminal e aumentando a fermentação no intestino grosso.

Tabela – Influência da textura do grão de milho na digestibilidade do amido nos vários segmentos do trato gastro-intestinal de novilhos

A presença de amido é a razão primária para a ensilagem de planta inteira de milho. O amido, um carboidrato não-fibroso de degradação rápida no rúmen, confere valor energético à silagem de milho, reduzindo a necessidade de alimentos concentrados por litro de leite produzido. Uma silagem de milho de baixa energia não justificaria todo o transtorno agronômico de produção do milho silagem. 

A planta de milho é uma planta tropical, tendo digestibilidade da fibra semelhante à de outras forrageiras tropicais. Pode-se dizer que milho com baixo amido e/ou com amido indigestível seria nutricionalmente próximo a um capim elefante, um milho sem espigas. A definição do estádio de maturação na colheita e do híbrido para ensilagem deve almejar a redução no teor de FDN, de degradação lenta no rúmen, e a maximização do teor de amido, este último, preferencialmente com a máxima digestibilidade. 

A Figura 2 mostra a composição nutricional de uma boa silagem de milho. O que é mais importante, a digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro (FDN) ou a digestibilidade dos Carboidratos não-fibrosos (CNF)? Ambos são pontos potenciais para atuar sobre a qualidade da silagem. No entanto, é importante frisar que a digestibilidade dos CNF está em torno de 90% e a digestibilidade da FDN está em torno de 40%. Nunca uma silagem de alta fibra será melhor que uma silagem de alto CNF. 

Também tem que ser entendido que uma silagem com alto teor e/ou alta qualidade proteica e com alto teor de óleo, mas com amido indisponível, não faz sentido. Milho não é fonte de óleo ou proteína, milho é fonte de energia na forma de carboidratos.

Proteína e gordura só seriam cabíveis como meta na escolha de plantas para ensilagem após a digestibilidade dos carboidratos, prevalentes na planta, estarem maximizados. Além do mais, gordura e proteína são facilmente suplementáveis em dietas de vacas leiteiras. 

Figura 2: Carboidratos fibrosos (FDN) e não-fibrosos (CNF) representam cerca de 85% de uma silagem de milho. Quanto maior o conteúdo de CNF (o mesmo que baixo conteúdo de FDN) maior o conteúdo energético da forrageira. Silagem de milho não é fonte de proteína (PB) e gordura (Extrato Etéreo = EE).

Existem evidências de que quanto maior a vitreosidade do grão de milho, menor a degradabilidade ruminal do amido. A vitreosidade parece ser um bom parâmetro para selecionar híbridos de milho com alta digestibilidade ruminal do amido. A grande deficiência das silagens de milho brasileiras parece ser a baixa digestibilidade do amido no rúmen, resultado da dureza excessiva dos grãos. Um caminho para melhorar a qualidade das silagens de milho no Brasil seria o plantio dos poucos híbridos dentados disponíveis comercialmente.

Adaptado do MilkPoint

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