COP27: Financiamento climático têm divergências e gera frustração

Negociadores mantêm divergências, e COP27 se estende pelo fim de semana; Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite critica condução do Egito. Brasil aposta em energia limpa: em quatro anos, país instalou uma Itaipu fotovoltaica.

Reunidos há duas semanas, os representantes dos 196 países signatários do Acordo de Paris chegam ao final da COP27 do Clima -apelidada de COP da implementação-, longe de qualquer consenso sobre como colocar em prática o acordo climático.

A conferência, que deveria se encerrar nesta sexta (18), já tem reuniões previstas para o sábado e pode chegar ao final apenas no domingo (20). Esse atraso não foi necessário nem quando os países brigavam pelas linhas que definiriam o Acordo de Paris, assinado numa noite de sábado, em 2015.

As nações mantêm divergências em treze textos, mas já conseguiram consenso em 16 temas -todos de ordem técnica, como adoção de métricas comuns para reporte, inventários e mecanismos tecnológicos.

O nó central para a implementação do acordo climático, no entanto, continua sendo o buraco no financiamento das ações climáticas.

Os países ricos, cobrados por conta de suas emissões históricas de gases causadores do aquecimento global, já não vinham cumprindo a promessa feita em 2009 de arrecadar US$ 100 bilhões para o Fundo Verde do Clima. Agora a retórica passou a acompanhar a inação.

Neste ano, os líderes dos países desenvolvidos passaram a falar nos palcos (não só nos corredores) que não há dinheiro para financiar ações de adaptação climática e de reparação por perdas e danos nos países em desenvolvimento.

Com isso, o bloco desenvolvido busca negociar um outro fluxo de financiamento climático para evitar que o destino da ajuda financeira seja justamente um competidor econômico de grande porte: a China.

Negociadores de países ricos afirmam não ter justificativas para seus contribuintes sobre o envio de dinheiro para fundos multilaterais que terminam financiando a economia chinesa.

Os Estados Unidos e a União Europeia resistiram durante as duas semanas de negociação a qualquer proposta de financiamento. As principais falam sobre dobrar os recursos para o Fundo de Adaptação e criar um outro fundo voltado para a reparação de perdas e danos.

O bloco europeu chegou a fazer uma proposta para financiar perdas e danos nos países em desenvolvimento, mas uma condição central da oferta irritou o bloco G77 e China: o fundo seria restrito às nações mais vulneráveis ao clima, como as pequenas ilhas.

“E o que a gente diz para um país como o Paquistão?”, questionou Harjeet Singh, coordenador global da CAN (sigla em inglês para Rede de Ação Climática), que reúne mais de mil organizações ambientais observadoras das negociações. Negociadores paquistaneses e de outros países do G-77 endossaram as críticas.

Arrasado pelas chuvas e inundações no meio deste ano, o Paquistão é usado como exemplo na COP de que mesmo as economias de médio porte não têm preparo para responder a eventos climáticos extremos. Portanto, também precisam de acesso a fundos internacionais para se recuperar dos desastres climáticos.

Há diversos critérios que testam como um mecanismo sobre perdas e danos climáticos poderia identificar e pagar uma reparação. Mas devido à complexidade do tema, países ricos defendem que uma decisão sobre esse assunto deveria ser adiada para o próximo ano.

O bloco europeu chegou a propor um mecanismo cujo rascunho começaria a ser trabalhado agora, para ser assinado em 2024 e implementado em 2025. Para o G-77, a falta de avanço no tema nesta COP27 significa quebra de confiança entre os blocos. O grupo já afirmou em salas de negociação que deve condenar o resultado da conferência caso ela adie um resultado sobre perdas e danos.

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