Fazenda especializa-se na produção de leite de camela em grande escala

Quando mencionamos a pecuária leiteira, logo nos vem à mente o gado bovino, muitas vezes negligenciando a criação de camelos, que representam uma fonte de leite importante no mundo. Dentro deste cenário, fazenda especializa-se na produção de leite de camela em grande escala

De acordo com a o Anuário Leite 2023, publicado pela Embrapa Gado de Leite, a produção mundial de leite de camela foi estimada em 3,1 bilhões de litros em 2022, sendo que os principais produtores foram a Somália, o Sudão, a Etiópia, a Mauritânia e o Quênia. Ainda de acordo com o mesmo anuário, a projeção para 2023 é de um aumento de 4,8% na produção de leite de camela, chegando a 3,25 bilhões de litros. Esse crescimento se deve à maior demanda por esse produto, que tem benefícios nutricionais e medicinais, além de ser mais resistente à seca e às mudanças climáticas. Antes da disseminação do Islã, muitos árabes, que eram pastores, sustentavam-se com o leite de seus camelos e a produção de oásis no deserto, utilizando métodos tradicionais de ordenha.

A produção de leite de camela é uma atividade tradicional em muitos países da África, Ásia e Oriente Médio, onde os camelos são criados em condições semiáridas e áridas, adaptados à escassez de água e forragem. Estima-se que existam cerca de 35 milhões de camelos no mundo, sendo que 88% deles estão na África e 12% na Ásia. Em 2019, a produção mundial de leite de camela foi de aproximadamente 3 bilhões de litros, sendo que os principais produtores foram Quênia, Somália, Mali, Etiópia, Arábia Saudita, Níger, Sudão, Emirados Árabes Unidos, Chade e Mauritânia

No entanto, a maior parte dessa produção é destinada ao consumo local, sem passar por processos de pasteurização, embalagem e distribuição. Isso limita o potencial de comercialização do leite de camela, que enfrenta desafios como a falta de infraestrutura, de padrões de qualidade, de legislação e de pesquisa e desenvolvimento.

leite de camelo
Fonte: Divulgação

Atualmente, tribos nômades do deserto frequentemente adotam a ordenha mecânica para extrair o leite de camela, que pode ser rapidamente transformado em iogurte, tornando-se um alimento básico que possibilita a sobrevivência por até um mês com base exclusiva no leite de camela.

Até pouco tempo atrás, a produção de leite de camela era restrita à ordenha manual em sistemas agrícolas tradicionais, predominantemente praticada por nômades em configurações extensivas ou semi-intensivas. Essa abordagem não conseguia garantir uma oferta constante de leite de qualidade para os mercados urbanos. Além disso, a maior parte da produção era consumida localmente, sem padrões de qualidade ou processamento refinado, resultando em uma integração limitada nos mercados nacional e internacional.

Adicionalmente, os camelos eram predominantemente vistos como animais de carga ou corrida, tanto pelo público em geral quanto por cientistas, agências de financiamento e formuladores de políticas. Consequentemente, poucos esforços eram direcionados para intensificar a produção de leite e aprimorar as características de produção nos dromedários. No entanto, essa perspectiva está passando por uma mudança significativa.

leite de camelo
Foto: Divulgação

Tanto a produção quanto a composição nutricional do leite de camela são influenciadas por uma variedade de fatores, que incluem a quantidade e qualidade da forragem, a frequência de irrigação, as condições climáticas, a idade reprodutiva, a paridade, a frequência da ordenha, o processo de amamentação do bezerro, o método de ordenha (manual ou mecânico), a saúde e o estado reprodutivo.

Camelos originários do Paquistão e do Afeganistão são reconhecidos por apresentarem os maiores rendimentos de leite, podendo chegar a 30 litros por dia. O camelo bactriano produz em torno de 5 litros diários, enquanto o dromedário tem uma média de produção de 20 litros por dia. Devido à sua capacidade de sobreviver por 21 dias sem consumir água e de produzir leite mesmo quando se alimentam de forragens de qualidade inferior.

Por isso, algumas fazendas de camelos estão se especializando na produção de leite em grande escala, buscando atender à demanda crescente por esse produto, tanto no mercado interno quanto no externo. Essas fazendas investem em tecnologia, higiene, manejo, genética, nutrição e saúde dos animais, além de diversificar a oferta de produtos derivados do leite de camela, como queijo, iogurte, sorvete, chocolate, sabonete, cosméticos e medicamentos.

Um exemplo de fazenda que se destaca nesse segmento é a Camelicious, localizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A fazenda possui mais de 6 mil camelos, que produzem cerca de 20 mil litros de leite por dia. O leite é pasteurizado, embalado e distribuído para vários países, como Kuwait, Bahrein, Omã, Catar, Jordânia, Reino Unido, França, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Suécia, Estados Unidos, Canadá, Japão, China e Austrália. A fazenda também produz mais de 50 produtos derivados do leite de camela, como queijo, iogurte, sorvete, chocolate, café, chá, leite em pó, leite condensado, leite aromatizado, leite fermentado.

Foto: Divulgação

Conforme apontado pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, o teor de gordura no leite de camela é estimado em 3%. Entretanto, sugere que a proporção de gordura varia significativamente entre países e regiões, sendo influenciada pela dieta, nível de hidratação do animal e tipo específico de camelo.

Embora o leite de camela seja facilmente transformado em iogurte, a produção de manteiga é um processo mais complexo. Para obter manteiga a partir do leite de camela, é necessário que o leite azede primeiro e seja batido. No entanto, esse método pode resultar em uma manteiga possivelmente com características ligeiramente rançosas, seguindo o mesmo raciocínio aplicado à produção de manteiga a partir do leite de vaca. A fabricação de queijo a partir do leite de camela também é mais desafiadora em comparação com o processo empregado para outros tipos de leite.

leite de camelo
Foto: Divulgação

Nas comunidades de criadores de camelos, a produção de queijos, geralmente utiliza fermentação espontânea para formar a coalhada. Isso ocorre devido à resistência em coalhar quando adicionado de quimosina, seja ela sintética ou a enzima proteolítica produzida no abomaso de bezerros lactentes.

Benefícios do leite:

  • Reforça o sistema imunológico, o que torna a pessoa menos predisposta a gripes, por exemplo;
  • Fácil digestibilidade;
  • Reduz o nível de glicose no sangue, que o torna um bom alimento para pessoas diabéticas;
  • Promove a saúde da flora intestinal;
  • Ajuda a controlar a pressão arterial.

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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