Gestores cobram combate a desmatamento na Amazônia

É a primeira vez que vários setores empresariais se reúnem para declarar claramente a preocupação as ações do governo na área ambiental

Quatro entidades ligadas ao agronegócio e 38 empresas brasileiras e estrangeiras enviaram uma carta ao presidente do Conselho Nacional da Amazônia e vice-presidente da República, Hamilton Mourão. No documento, pedem mais esforço contra o desmatamento na região, para preservar também a imagem do Brasil no cenário internacional.

Em junho, fundos de investimento que administram US$4 trilhões, mais de R$20 trilhões de reais, também já haviam assinado um pedido para que o país interrompesse o desmatamento.

Uma das entidades que assina essa nova carta é o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. A presidente do conselho, Marina Grossi, divulgou depoimento em que pede mais investimento no desenvolvimento sustentável.

A vice-presidência da República confirmou o recebimento da carta. O documento contra o desmatamento da Amazônia foi enviada também para o procurador-geral da República, Augusto Aras, e para os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Antonio Dias Toffoli; da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; e do Senado, Davi Alcolumbre.

E o plenário do Senado aprovou por unanimidade, nessa terça-feira (07), um convite para que Mourão preste informações sobre dados de desmatamento na Amazônia. A previsão é que o vice-presidente participe da sessão por videoconferência, na próxima terça-feira (14).

Veja a íntegra da carta:

“Neste momento, em que enfrentamos uma situação extrema, extraordinária e excepcional, é muito importante manter a serenidade e o equilíbrio para que possamos superar e sair fortalecidos dos desafios que se apresentam. Em nenhum momento da história o futuro da humanidade e do planeta dependeu tanto da nossa capacidade de entendimento de que vivemos em um único planeta e de que a nossa sobrevivência está diretamente ligada à preservação e valorização dos seus recursos naturais.

Os impactos sociais e econômicos causados em escala global e de forma inédita pela pandemia da COVID-19 nos advertem que a consumação de riscos associados à quebra do equilíbrio ecossistêmico traz consequências devastadoras quando negligenciados, tal como vem ocorrendo com o risco climático apontado pelo Fórum Econômico Mundial ano após ano, desde 2012.

Cientes disso, o setor empresarial brasileiro, por meio de instituições e empresas dos setores industrial, agrícola e de serviços, vêm hoje reafirmar seu compromisso público com a agenda do desenvolvimento sustentável.

Particularmente, esse grupo acompanha com maior atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país.

Nesse contexto, esse grupo coloca-se à disposição do Conselho da Amazônia para contribuir com soluções que tenham foco nos seguintes eixos:

  • Combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros;
  • Inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas;
  • Minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas;
  • Valorização e preservação da biodiversidade como parte integral das estratégias empresariais;
  • Adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono;
  • Direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono; e
  • Pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da COVID-19 condicionada a uma economia circular e de baixo carbono.

Algumas das empresas signatárias já desenvolvem soluções de negócios que partem da bioeconomia, com valor agregado e rastreabilidade dos produtos, inclusive, na Amazônia. De um lado, entendemos que é possível dar escala às boas práticas a partir de políticas consistentes de fomento à agenda ambiental, social e de governança. De outro, é necessário adotar rigorosa fiscalização de irregularidades e crimes ambientais na Amazônia e demais biomas brasileiros.

Temos a oportunidade única, os recursos e o conhecimento para dar escala às boas práticas e, mais do que isso, planejar estrategicamente o futuro sustentável do Brasil. Precisamos fazer as escolhas certas agora e começar a redirecionar os investimentos para enfrentamento e recuperação da economia brasileira em um modelo de economia circular, de de baixo carbono, e inclusiva, em que não há controvérsias entre produzir e preservar. Em nosso entendimento, esse é o melhor caminho para fincarmos os alicerces do país para as próximas gerações. Caso contrário, corremos o risco de ficarmos à margem da nossa própria história”.

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