Mercado do boi melhora em 2018, mas demanda interna preocupa

Com o balanço final de 2018, foi concretizado um cenário que era esperado: um desempenho superior ao de 2017, porém com uma demanda interna fraca e limitando o maior desempenho.

O setor pecuário esperava um 2018 melhor que o de 2017. E certamente foi. Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, os novos desafios enfrentados por operadores do mercado pecuário no correr do ano, no entanto, fizeram com que os mais otimistas se frustrassem com os resultados obtidos. 

A galgada das exportações no segundo semestre para volumes recordes e a necessidade de aquisição de lotes de animais com características diferenciadas – para suprir nichos de mercados e/ou demandas mais urgentes – alavancaram o preço da arroba em certos momentos de 2018. Esse contexto deixou ainda mais evidente a importância da atuação no front externo e nos nichos de mercado. Mais especificamente na segunda metade do ano, a baixa disponibilidade de lotes de animais confinados nos primeiros giros – dado o custo aumentado de produção – também foi responsável por impulsionar os valores da arroba. 

O aumento da lucratividade do pecuarista de engorda e também da indústria, no entanto, acabou limitado sobretudo pela demanda doméstica. A lenta recuperação da economia brasileira fez com que a retomada do consumo ficasse abaixo do esperado, criando um cenário pouco favorável para aumentos de preços. Mesmo em períodos característicos de aumento de consumo, operadores ligados à venda do produto relataram demanda enfraquecida. No final do primeiro semestre, especificamente, o excedente de oferta gerado pela diminuição das exportações somou-se à diminuição da demanda industrial por conta da paralisação dos abates, decorrente da greve dos caminhoneiros no encerramento de maio. Esse contexto pressionou as cotações da arroba com força em junho, quando atingiram a menor média do ano. Por conseguinte, a demanda por animais para reposição também diminuiu.

Tomando-se como base as médias mensais do Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa (estado de São Paulo), a média de 2018, em termos nominais, é de R$ 145,20, sendo 4,43% superior à de 2017. Já em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de dezembro), a média de 2018, de R$ 148,13, ficou 1,34% inferior à do ano anterior, de R$ 150,14. Esse movimento pode ser percebido também no mercado de reposição e no de carne com osso. Quanto ao bezerro, em termos nominais, a média de 2018 ficou em R$ 1.183,87/cabeça, 2,61% acima da de 2017. Já considerando os efeitos da inflação, a média de 2018, de R$ 1.209,45, está 2,97% menor que a de 2017 (R$ 1.246,27). Para a carcaça casada de boi, o aumento anual é de 1,25% em termos nominais – de R$ 9,76 para R$ 9,88; e a diminuição é de 4,26% em termos reais – com o quilo passando de R$ 10,54 em 2017 para R$ 10,09 em 2018.

Exportações

O mercado internacional foi um fator bastante positivo ao longo de 2018. O forte aumento dos embarques no segundo semestre foi resultado de preços mais competitivos e de acordos comerciais. 

No acumulado de 2018 (de janeiro a dezembro), as exportações atingiram recordes em quantidade e em receita em moeda nacional. Segundo dados da Secex, o volume embarcado no ano somou 1,353 milhão de toneladas de carne bovina in natura, 11,77% a mais que em 2017. A receita gerada em dólar foi a segunda maior da história, totalizando US$ 5,594 bilhões, quase 10% acima da registrada em 2017. Em Reais, o montante atingiu recorde em 2018, totalizando R$ 20,65 bilhões, 27% maior que em 2017 e quase o dobro de 2016.

Fonte: Cepea

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