
Para comprar o boi gordo em 2020, os frigoríficos terão que ser mais otimistas com os valores ofertados. Os pecuaristas não irão ser tão amigáveis na hora de vender a boiada!
“Sem nenhum sinal de alívio na pressão de custos no horizonte, será difícil para a indústria frigorífica ter sucesso na tentativa de impor pressão baixista no mercado de boi gordo durante a safra”. Essa é a opinião de Leandro Bovo, sócio-diretor da Radar Investimentos, de São Paulo, em artigo publicado no site da Scot Consultoria.
O analista diz que os pecuaristas têm boas razões não para entregar a mercadoria de mão beijada aos frigoríficos. Ele cita três delas: “reposição com preços altíssimos”; custo de insumos (sobretudo o milho) também em ascensão; e a “boa condição das pastagens”, o que permite segurar os bois na fazenda, escolhendo o melhor momento para efetuar a venda.
Sobre o milho, Bovo observa que, apesar da safrinha ter sido muito grande, as exportações também foram recordes, absorvendo o excedente de produção e deixando o mercado interno novamente enxuto – justamente “num momento de aumento de consumo pelo setor de produção animal, com a cadeia produtiva de suínos, frangos e bovinos tentando ampliar a oferta para atender a demanda chinesa”.
Além disso, há o aumento de demanda de milho para a produção de etanol, com diversas usinas ampliando sua produção ou inaugurando novas unidades fabris, acrescenta o analista.
O analista relembra que, após a colheita de milho safrinha recorde de 2019, o preço do grão só subiu, “se aproximando da importante barreira psicológica dos R$ 53/saca, em São Paulo, recorde nominal dos preços do milho até agora no Estado.
Segundo Bovo, o balanço de oferta e demanda de milho tende a permanecer muito apertado no primeiro semestre de 2020, já que o estoque de passagem não é confortável e a safra de verão, além de ser tradicionalmente pequena, foi afetada pela quebra de produção no Rio Grande do Sul, que é o principal Estado produtor nessa época do ano.
- Fávaro critica Trump e diz que Brics são esperança de volta à normalidade no comércio
- Brics: ‘Financiamento climático é responsabilidade de países ricos’, diz Fávaro
- Haras investe mais de R$ 300 mil em clonagem e gera cópia de égua campeã mundial do hipismo
- Rei do Frango compra fazenda histórica por R$ 250 milhões, afirmam fontes
- Conheça as maiores vaquejadas, esporte que movimenta R$ 800 milhões por ano
Tal cenário, escreve Bovo, amplia a já grande dependência do mercado da chamada “safrinha”, que começa a ser plantada a partir de agora nas principais regiões produtoras de soja do Brasil.
“Apesar de os preços altos serem um grande incentivo para um plantio recorde, o risco climático é sempre muito relevante de modo que o ‘estresse’ no mercado de milho vai permanecer ainda por um bom tempo”, afirma ele.
Cotação da Scot Consultoria
A queda de preço ao longo da segunda quinzena deste mês reduziu o volume de negócios no estado. A pastagem em boa condição permite aos pecuaristas reter os animais na fazenda, aguardando por preços melhores.
- Morre Mateus Paranhos, cientista que humanizou a pecuária brasileira
- Conheça o Greyman, um cruzamento que virou ouro na pecuária de corte tropical
- IA tem potencial para revolucionar a produção de carne na raça Nelore
- Trilhão da carne: Pecuária movimentou cerca de R$ 1 tri em 2024
- Atenção: Essa é a última janela de aquisição de bezerros, preço já subiu R$ 900/cab
A baixa oferta de boiadas mantém parte das indústrias com escalas enxutas (um a dois dias). Nestes casos, os frigoríficos com programações curtas ofertaram preços maiores na última quinta-feira (30/1).
Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo, o boi gordo ficou cotado em R$190,50/@, bruto, R$190,00/@, com o desconto do Senar e R$187,50/@, livre de impostos (Senar e Funrural).
A alta foi de 0,3% na comparação dia a dia. Entretanto, na comparação com o início da segunda quinzena, o preço recuou 2,3%, o que equivale a R$4,50 a menos por arroba.
Fonte: Portal DBO e Scot Consultoria