Porteiras abertas para as mulheres no mercado do leite

Em um universo predominantemente masculino, elas comandam os negócios e provam que o espaço para a mulher no mundo do leite 4.0. está consolidado

Curral é lugar de menina? Produtora rural maquiada e sarada? Vaca é bicho para elas? A esposa no comando do negócio? Pesquisadora na cadeira leiteira? Movimento feminino no campo? Sim e para tudo! No Brasil, milhões de litros de leite saem de fazendas comandadas por mulheres. Inseridas em um ambiente onde os homens são a maioria, elas não deixam a desejar em competência, organização e sabedoria. Das pequenas às grandes, elas têm gerado riquezas, mudado o curso da história e causado uma revolução no campo. E vem provando que o feminino faz bons negócios no mundo leite 4.0.

O movimento Leite de Batom é um exemplo! Jaqueline Ceretta é formada em Química e proprietária da Agropecuária Ceretta de Ijuí, no Rio Grande do Sul e Aliny Spiti, dona do Sítio Boa Esperança em Ivaiporã, no Paraná. As duas se uniram para valorizar e conectar as mulheres do mercado do leite, além de discutir aspectos da cadeia de produção, desmistificar fake news e mostrar a realidade dos pequenos produtores. Elas criaram o Leite de Batom que virou marcar e conteúdo para redes sociais, especialmente em um canal no YouTube. No dia a dia, não dispensam a maquiagem e os cabelos sempre bem feitos, pois é assim que querem ser vistas, é assim que estão no dia a dia na fazenda, no pasto, na ordenha. E elas querem ajudar a aumentar a autoestima de outras mulheres que trabalham no campo. Jaqueline se define: “Sou uma produtora que viu na atividade leiteira um propósito de vida e, através das vacas, vi onde se encontrava a minha felicidade”.

A mulher entre os 10 maiores produtores de leite do país

Huguette Emilienne Françoise Collin de Noronha Guarani, proprietária da (True Type ou Fazenda São José, ver como é melhor apresentar), localizada em Inhaúma, na região central de Minas Gerais, é responsável pela produção de mais de 13 milhões de litros de leite por ano. Segundo o ranking da revista especializada Milk Point, a fazenda ocupa o quarto lugar no ranking nacional. Segundo Huguette, a presença da mulher nesse segmento é muito importante e deveria ser mais comum. “Há anos ocupo este lugar tão representativo e gostaria muito de ver mais mulheres neste mercado. Já é hora de passar o boné”, conta bem humorada. Huguette é mineira, filha de pai de origem francesa e tomou a decisão de produzir leite e derivados em uma propriedade que era usada apenas para o lazer da família. “Eu cheguei a empacotar 800 litros de leite, desnatava, fazia creme de leite, uma coisa ainda muito pequena, muito tímida, mas que me fez sentir um prazer enorme por estar fazendo aquilo”, revela”

Referência técnica no mercado do leite

A produtora Maria Thereza Rezende é zootecnista e possui extensa formação acadêmica. Proprietária da Fazenda da Vovó, localizada em Arcos, MG, ela utiliza gestão de ferramentas e investe em capacitação de pessoas para otimizar a produção de leite em sua propriedade. Atenta às questões técnicas, ressalta a importância da biosseguridade e adequação das propriedades, especialmente em tempos de pandemia. Maria Thereza vivia em São Paulo e, em 2004, fundou a fazenda e passou a construir seu vínculo com o meio rural. Ela considera muito importante a presença da mulher no mercado e gostaria de ver esse número crescer. “Para obter sucesso, foi necessário me aprofundar no conhecimento técnico: manejo, forrageiras, nutrição, sanidade, reprodução, conforto animal e qualidade”, afirma Maria Thereza.

Indústria do leite no Brasil

Segundo a Embrapa Gado de Leite, o Brasil é o quarto país no mundo em produção leiteira, gerando 34,8 bilhões de litros de leite inspecionado em 2019, registrando 2,7% de aumento frente a 2018. Em 2019, a cadeia leiteira empregou 4 milhões de trabalhadores no país e 1,1 milhão de produtores gerando um faturamento estimado de R$ 105 bilhões.

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