Preços globais do azeite aumentam 50%, e a mudança climática pode ser a razão

Mercado global de azeite foi avaliado em R$ 69,8 bilhões em 2022 e deverá crescer para R$ 90,5 bilhões até 2030

Uma seca na Espanha, temperaturas recordes e uma pausa nas exportações turcas levaram os preços do azeite espanhol a um recorde máximo de US$ 8.900 (R$ 43.700 na cotação atual) por tonelada neste mês – e não há nenhuma indicação clara de quando cairão. O país é o maior produtor e exportador mundial de azeite.

O “clima extremamente seco em grande parte do Mediterrâneo” foi responsabilizado pela disparada dos preços do azeite – um aumento de 130% em relação ao ano passado – segundo o USDA (sigla em inglês para Departamento de Agricultura dos EUA), que aponta uma melhoria das condições de cultivo como o único fator capaz de derrubar a cotação nos próximos meses.

A região da Catalunha, na Espanha, declarou emergência de seca em 24 municípios em agosto, após 30 meses de pouca chuva. A estimativa acabou com os reservatórios de água, secou os olivais e levou a restrições do uso de água em todo o país, de acordo com a NASA (Agência Espacial dos EUA).

A falta de chuva coincidiu com o terceiro verão mais quente já registrado no país: a agência meteorológica espanhola afirma que quatro ondas de calor foram registradas neste verão. As temperaturas foram em média 1,3°C mais altas do que o normal, e os meteorologistas estão prevendo um outono mais quente do que o normal.

A Itália e a Grécia, que também cultivam uma parcela significativa das azeitonas do mundo, tiveram estações quentes e secas, com a Itália registrando temperaturas superiores a 40°C, enquanto a Grécia, onde as principais atrações turísticas foram fechadas devido ao calor, atingiram temperaturas igualmente altas.

A Espanha produziu 50% menos azeite na sua temporada mais recente, informou a rede de notícias CNBC, e os preços foram ainda mais impactados pela decisão da Turquia de suspender as exportações de azeite a granel até pelo menos 1º de novembro, em uma medida determinada para garantir o abastecimento interno e aliviar a pressão sobre os preços.

Antes de agosto deste ano, o preço recorde anterior do azeite era de US$ 6,242 por tonelada em 1996, segundo o USDA.

Na última temporada, a Espanha produziu 610 milhões de toneladas de azeite, em comparação com um rendimento normal de 1,3 milhão a 1,5 milhão de toneladas.

O mercado global de azeite foi avaliado em US$ 14,2 bilhões (R$ 69,8 bilhões) em 2022 e deve crescer para US$ 18,4 bilhões (R$ 90,5 bilhões) até 2030, prevê a Fortune Business Insights. A Espanha fabrica quase metade do azeite mundial, seguida por produtores de Itália, Grécia, Portugal, Tunísia, Turquia e Marrocos.

Os gregos são os maiores consumidores de azeite per capita, de acordo com a Associação Norte-Americana de Azeite, seguida pela Espanha e Itália. Os gregos consomem anualmente cerca de 20 litros de azeite por pessoa, em comparação com cerca de 1 litro por americano.

No entanto, o tamanho dos Estados Unidos em relação a outras nações – apenas cerca de 10,6 milhões de pessoas vivem na Grécia, em comparação com 331 milhões nos EUA – faz do país um grande consumidor. De acordo com o USDA, as importações norte-americanas geralmente representam cerca de 30% do volume global, e espera-se que esse número aumente para entre 35% e 37% neste ano.

Não por acaso, o roubo de azeite vem colocando os produtores em alerta. Cerca de 50 milhões de litros de azeite de oliva extra virgem foram roubados de uma das fábricas familiares do país, Marin Serrano El Lagar, no valor de cerca de US$ 450 mil (R$ 2,2 bilhões), informou a imprensa local. Nenhuma prisão foi feita pelo roubo e uma porta-voz da Guarda Civil disse ao “El Mundo” que roubar o granel, em vez de garrafas, torna o rastreamento do produto particularmente difícil. Apenas duas semanas antes desse ocorrido, outros 6 mil litros de azeite extra virgem – no valor de US$ 53.500 (R$ 263 mil) – foram roubados do lagar de Terraverne.

O azeite não é a única commodity que teve aumentos de custos neste verão dos EUA, informou o “Business Insider”. Cacau, suco de laranja, trigo e soja aumentaram no período à medida que fortes chuvas e doenças impactaram o fornecimento de cacau da África Ocidental, uma doença nas plantações aquecidas prejudicou a colheita dos cítricos na Flórida e no Brasil e a Rússia desistiu do acordo que permitia a exportação de grãos da Ucrânia. Os preços da soja também dispararam depois que o USDA relatou plantações de soja muito inferiores ao esperado.

Fonte: Forbes Agro

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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