Reposição cara coloca recriador em sinal vermelho

Quanto ao bezerro, a média de outubro foi de R$ 2.769,19, com avanço anual de 0,86%. Já o boi gordo a queda foi de á 14,45% em relação a outubro do ano anterior!

Dados do Cepea mostram que a relação de troca de arrobas de boi gordo por animais de reposição atingiu em outubro o momento mais desfavorável ao pecuarista que faz a recria-engorda, considerando-se toda a série histórica do Cepea, iniciada em 2000, no caso do bezerro. Esse cenário esteve atrelado às fortes quedas nos preços da arroba bovina, diante da inesperável longa continuidade da suspensão dos envios de carne à China – maior destino internacional da proteína brasileira – e da entrada de animais de confinamento no spot nacional.

Além disso, os valores dos animais de reposição seguiram relativamente firmes em outubro, reforçando a piora na relação de troca do recriador. Esse contexto preocupa toda a cadeia produtiva, sobretudo pecuaristas que necessitam realizar a reposição, visando a engorda dos animais do próximo ciclo.

Já considerando-se o pecuarista que faz a cria, esse momento pode resultar, nos médio e longo prazos, em desaquecimento na demanda por novos lotes de animais desmamados, justamente em um momento de elevado custo de produção.

No dia 29 de outubro, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 fechou a R$ 257,10, expressiva baixa de 11,83% no acumulado do mês. Já quanto ao bezerro (animal nelore, entre 8 e 12 meses, negociado em Mato Grosso do Sul – representado pelo Indicador ESALQ/BM&FBovespa), no acumulado de outubro, houve ligeira queda de 0,23%, fechando a R$ 2.768,21 no dia 29 de outubro.

A média mensal do boi gordo foi de R$ 269,56 em outubro, sendo 10,76% inferior ao do mês anterior e já 14,45% abaixo do de outubro de 2020, em termos reais (as mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI, base setembro/21). Já quanto ao bezerro, a média de outubro foi de R$ 2.769,19, recuo mensal de 2,61%, mas avanço anual de 0,86%.

Assim, quando consideradas as médias mensais deflacionadas, o pecuarista de São Paulo precisou, em outubro, de 10,27 arrobas de boi gordo para a compra de um animal de reposição no mercado sul mato-grossense, sendo 10% a mais que o necessário no mês anterior, 18% acima do necessário em outubro de 2020, além de ser a maior quantidade já registrada pelo Cepea. Como comparação, a relação média da série do Cepea é de 7,76 arrobas de boi gordo para um animal de reposição.

EXPORTAÇÕES

A suspensão dos envios de carne bovina para a China no início de setembro reduziu com força o volume de proteína in natura exportado pelo Brasil em outubro. Segundo dados preliminares da Secex, foram embarcadas apenas 82,18 mil toneladas de carne bovina no mês.

Trata-se da quantidade mais baixa desde junho de 2018, quando foram escoadas pelo País 54,4 mil toneladas de carne in natura. Vale lembrar que, no encerramento de maio de 2018, uma greve de caminheiros impediu que cargas saíssem dos frigoríficos e entrassem nos portos, limitando com força os embarques de junho daquele ano.

O volume exportado em outubro de 2021 ficou expressivos 56% abaixo do registrado no mês anterior e 49% inferior ao de outubro/20 (quando somou 162,8 mil toneladas de carne in natura), ainda conforme dados da Secex. Além disso, é a primeira vez em pouco mais de três anos que as exportações brasileiras de carne bovina ficam abaixo de 100 mil toneladas, segundo a série da Secex.

O País vinha embarcando volume acima desse patamar desde justamente julho de 2018, e esse ritmo aquecido das vendas externas vinha mantendo firme a demanda por novos lotes de animais para abate por parte de frigoríficos exportadores.

Agentes do setor consultados pelo Cepea já tinham expectativa de queda nos envios externos de outubro, tendo em vista que a China é o maior destino internacional da carne brasileira. No entanto, a manutenção dessa suspensão vem agravando as preocupações de toda a cadeia e já gera prejuízos.

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