Alerta: Produtores de soja lidam com infestações de grilos devido ao calor intenso

Há 15 anos dedicada à cultura do grão, Lia Helena Katzer vivencia pela primeira vez o desafio de sua plantação ser invadida por essa praga.

Jataí, em Goiás, figura entre os 15 principais produtores nacionais de soja, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na safra 2022/23, a produção atingiu 1,280 milhão de toneladas em 320 mil hectares.

Evandro Vilela, presidente do Sindicato Rural de Jataí, destaca a temperatura amena e a altitude como fatores cruciais para o alto rendimento agrícola na região. Apesar desses benefícios climáticos tradicionais, o início desta safra é desafiador devido ao calor excessivo e à escassez de chuvas. Essas condições adversas têm gerado atrasos na semeadura, replantio e ocorrência de pragas, impactando a produção local.

Lia Helena Katzer, produtora de soja com mais de 15 anos de experiência, enfrenta pela primeira vez uma infestação de grilos em sua plantação. “A aplicação de defensivos à noite, quando os grilos começam a aparecer, é crucial. Esperamos que a chuva retorne para restabelecer o equilíbrio natural no controle desses insetos”, relata.

Apesar dos desafios, a perspectiva é de uma produção de soja dentro da média no estado. Patrícia Honorato, superintendente de Produção Rural da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), destaca que os últimos dados da Conab apontam para uma produção de 18 milhões de toneladas de soja em Goiás, abrangendo 4,5 milhões de hectares. Se confirmada, essa estimativa posicionará o estado como o quarto maior produtor nacional nesta temporada, ficando atrás apenas de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul.

Grilos na soja

Os grilos, ortópteros de hábitos predominantemente noturnos, revelam-se como organismos onívoros que habitam locais sombrios, como tocas, sob restos culturais, pedras e tocos. Assim como os corós, possuem um ciclo biológico longo, aproximadamente um ano, e beneficiam-se do solo não revolvido, demonstrando uma taxa de sobrevivência elevada e, consequentemente, uma multiplicação eficaz.

Entre as espécies mais comuns, destacam-se o grilo-preto ou grilo-comum (Gryllus assimilis) e o grilo-marrom (Anurogryllus muticus). Enquanto o primeiro é conhecido por sua presença em ambientes antrópicos, como hortas e gramados, o segundo ganhou relevância recente devido à sua ocorrência em lavouras.

plantação
Foto:www.agro20.com.br

Os danos causados por esses insetos tornam-se mais críticos durante a fase de emergência da soja, caracterizados pelo hábito dos grilos de cortar plântulas ao nível do solo, alimentando-se no local e transportando partes vegetais para dentro de suas tocas. Controlar essas pragas por meio de tratamentos químicos é desafiador, visto que inseticidas piretróides e fosforados aplicados durante a pulverização das plântulas frequentemente não apresentam resultados satisfatórios, apesar de temporariamente inibirem o consumo.

Como lidar com as pragas

Antes de implementar qualquer medida de controle, a correta identificação das espécies presentes na lavoura é fundamental. Diferenças sutis entre espécies podem impactar a escolha de inseticidas, tornando essa etapa crucial para um manejo eficiente.

  • Rotação de culturas: Alternar diferentes cultivos na mesma área e em períodos específicos ajuda a evitar o desenvolvimento de pragas e doenças. A rotação de culturas é uma prática essencial para interromper ciclos de infestações, contribuindo para a saúde geral da plantação.
  • Monitoramento da lavoura: O monitoramento regular permite avaliar a situação das pragas na lavoura, identificando danos e prejuízos. Detectar infestações no início possibilita uma aplicação mais eficaz de defensivos agrícolas, reduzindo custos e prevenindo reinfestações.
  • Aproveitamento dos inimigos naturais: Incentivar a presença de inimigos naturais, como microvespas do gênero Trichogramma spp., que atuam nos ovos das pragas, é uma estratégia sustentável. Esses inimigos contribuem para um controle eficiente, interrompendo o ciclo de desenvolvimento das pragas.
  • Controle químico e tratamento de sementes: O uso estratégico de inseticidas e o tratamento de sementes são recursos valiosos para o manejo de pragas na soja. A escolha do defensivo deve considerar fatores como toxicidade, impacto em inimigos naturais e custo-benefício. A diversificação de ingredientes ativos evita a resistência das pragas aos inseticidas.O Tratamento de Sementes (TS) desempenha um papel fundamental, proporcionando um estabelecimento uniforme e vigoroso da cultura desde o início. Tecnologias como o tratamento de sementes industrial (TSI) oferecem praticidade ao produtor, recebendo sementes prontas para o plantio, resultando em benefícios significativos para a produtividade.

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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