O mercado do boi gordo fechou o ano em patamar elevado e, segundo os dados, deve continuar a avançar em 2022, trazendo otimismo ao pecuarista!
O cenário pecuário encerrou o ano com o patamar de preços arroba trazendo uma grande expectativa positiva para o próximo ano. No fechamento do dia 30/31, as negociações atingiram o recorde de preço para o Boi-China, mas o mercado interno não ficou para trás. Confira abaixo como foi o ano de 2021 e o que esperar de 2022.
Para começar, o ano de 2021 foi marcado por uma grande lacuna na oferta de gado terminado, o que pressionou os preços do boi gordo positivamente, e esse continua a ser o principal fator de sustentação dos preços para 2022 que, aliado a demanda externa, deixam as indústrias mais voraz pela matéria prima. Confira abaixo o fechamento e o recorde de preço atingido!
O preço do Indicador do Boi Gordo/CEPEA, abriu o ano de 2021 cotado a R$ 289,01/@ e passou os primeiros oito meses do ano em valorização. Entretanto, após as confirmações de dois casos atípicos de vaca louca e a saída da China das compras, tivemos uma queda brusca nas cotações. Mas para a felicidade do pecuarista, a queda na oferta e a implacável melhora no mercado interno, os preços se recuperaram.
Após atingir as mínimas do ano em outubro, com os preços fechando a média de R$ 269,59/@, o mês de novembro e dezembro trouxeram alento ao setor da porteira para dentro. Os preços saltaram para o patamar de R$ 320,90/@, fechando o ano em patamar recorde de preço, trazendo uma grande expectativa para o mercado em 2022. A alta acumulou uma valorização mensal de 4,41%. Ainda segundo os dados, as cotações apontam para uma alta de mais de R$ 31,80/@ ao longo do ano. Veja o gráfico!
As negociações para bovinos até quatro dentes, o “boi China”, negócios seguem firmes com valores de até R$342,00/@. Segundo o app da Agrobrazil, os pecuaristas de Presidente Prudente/SP, venderam seus lotes por R$ 342,00/@ com pagamento em 7 dias e abate para o dia 06 de janeiro de 2022, veja imagem abaixo.
Já a vaca gorda fechou o ano cotada em R$302,00/@ e a novilha gorda em R$317,00/@, preços brutos e a prazo. A expectativa é que a retomada da China as compras venham a potencializar ainda mais o apetite pela matéria prima no campo, possibilitando a manutenção dos preços em patamares elevados ao longo do primeiro trimestre de 2022.
Por que a cotação da arroba subiu?
Após três anos de aumento na quantidade de bovinos abatidos, com pico em 2019, entre 2020 e 2021 os abates caíram. O bom resultado proporcionado pela cria/recria estimulou a retenção de matrizes para a produção de bezerros. Essa retenção determinou a retração dos abates e, consequentemente, a menor produção de carne. A quantidade de bovinos abatidos é a menor desde 2011.
Os dados parciais na comparação feita mês a mês mostram forte queda em setembro, sendo a menor quantidade de bovinos abatidos em nesse mêsdesde 2003 (IBGE).
A queda no abate de bovinos entre 2020 e 2021 está, portanto, relacionada com o ciclo de preços pecuários, diminuindo a oferta de boiadas para os frigoríficos.
Apesar do quadro de retração do consumo, a expectativa é que a demanda por carne bovina cresça nos próximos anos, em função do aumento da renda per capita em países de renda média (entre eles, o Brasil) e a possível retomada da importação de carne bovina pelos chineses.
Investimentos
Com a expectativa de aumento da produção de soja e milho na safra 2021/22, o custo de produção pode melhorar, porém, deve-se ter atenção ao custo de outros insumos, tais como fertilizantes, defensivos e suplementos minerais e proteicos, que estão com preços elevados.
O investimento que temos assistido na atividade pode elevar o nível tecnológico e a produção. O uso de tecnologias permite respostas mais rápidas da produção de carne bovina, comparadas há 10 anos. Em contrapartida, outras produções como a de suínos e aves, respondem com mais velocidade ao mercado, sendo, portanto, competitivas.
Há 20 anos, 100 vacas ocupavam aproximadamente 250ha produzindo 45 bezerros com aproximadamente 175kg. Atualmente as mesmas 100 vacas ocupam 140ha produzindo 65 bezerros com peso médio de 200kg, reflexo do aumento na produtividade e investimentos em tecnologia (Conab).
Apesar das valorizações nos preços da arroba, o Brasil ainda possui a arroba mais barata frente aos seus concorrentes no mercado externo. Diante disso, o que pode parecer ruim, na verdade deixa a carne brasileira mais competitiva. Confira a tabela abaixo!
E a China, volta quando?
A expectativa dos analistas da CNA é que o país deva voltar em breve às compras de carne bovina, influenciada por queda nos estoques do rebanho de suínos, projetada para o ano que vem. Segundo as projeções do USDA, o gigante asiático deve aumentar suas importações em todas as proteínas de origem animal. E o maior crescimento esperado para 2022, é justamente de carne bovina.
É prevista uma importação de 3,25 milhões de toneladas de proteína vermelha pela China, o que pode levar a um crescimento de 8,3% em comparação com 2021.
Para a bacharel em Direito Lígia Dutra, diretora de Relações Internacionais da CNA, o Brasil precisa ficar cada vez mais próximo da China para compreender melhor o país e firmar mais negócios, além disso, lembrar que a situação atual é normal e faz parte de um jogo comercial.
“Onde que vamos ter problema? Vamos ter problema naqueles setores em que somos mais competitivos. É assim. É claro que quando a gente vai ter um problema comercial com outro país vai ser naquilo que a gente exporta para ele. Então, isso faz parte, é normal. Quanto maior for a nossa participação, mais problema vamos ter. É assim que vamos ter cada vez mais capacidade de resolver esses problemas”, diz Lígia.
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Final
A produção de carne bovina em 2022 não deverá surpreender e os custos de produção comparativamente deverão subir em menor ritmo, mas partindo de uma base elevada.
Com uma tendência forte de elevação dos custos para o ano que vem, a única saída para o melhor desempenho da produção de carne bovina deve vir essencialmente de uma arroba mais valorizada no próximo ano.
Em função disso, o preço ao consumidor deverá continuar elevado e a disponibilidade interna per capita não deverá evoluir. A exportação continuará a ser um importante canal de escoamento da produção e deverá continuar assim até que a renda da população melhore.
