Conselho repudia Folha: “Tem cabimento vacinar veterinários?”

Nota de repúdio à coluna do médico Drauzio Varella veiculada pela Folha de São Paulo sobre vacinação para médicos-veterinários

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), sempre atento às questões que impactam na Medicina Veterinária e cumprindo a sua missão de prestar um serviço de qualidade e de orientação quer seja ao profissional registrado quer seja à população, vem a público ressaltar que repudia veemente a nota veiculada no jornal Folha de São Paulo, neste sábado, 13, na coluna do médico Drauzio Varella, que recebeu o título “A vacinação contra o coronavírus virou uma bagunça no Brasil”.

Na coluna, o médico cita uma “polêmica” a cerca da decisão do Ministério da Saúde ao incluir médicos-veterinários como grupo de prioridade na vacinação contra Covid-19. Em um dos trechos da nota, Drauzio afirma que: “Profissionais formados em psicologia, biologia, veterinária, educação física, além de trabalhadores da área da saúde que nem sequer chegam perto dos doentes com Covid, são vacinados antes das mulheres e homens com mais de 80 anos“. Ele segue dizendo que “Enquanto nos entretemos com as imagens dos telejornais que mostram senhoras e senhores de 90 anos, infantilizados pelo repórter que lhes pergunta se estão felizes com a vacina, passa a boiada dos mais jovens que furam a fila”

Em determinado trecho da coluna, Drauzio questiona: “Tem cabimento vacinar veterinários, terapeutas, personal trainers, escriturários de hospitais, antes dos mais velhos, que representam mais de 70% dos mortos? É justo proteger essa gente antes dos professores, dos policiais e de outras categorias mais expostas ao vírus?”.

O Conselho Regional esclarece que o Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 639, de 31 de março de 2020, que dispõe sobre a Ação Estratégica “O Brasil Conta Comigo – Profissionais da Saúde”, voltada à capacitação e ao cadastramento de profissionais da área da saúde, para o enfrentamento à pandemia provocada pelo novo coronavírus (Covid-19), deixou evidente que o médico-veterinário é um profissional da área da saúde, conforme disposto no inciso X, do Art. 1º da referida normativa.

Ainda, cumpre-nos destacar que a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 287/98 incluiu o profissional de Medicina Veterinária entre os profissionais de saúde e, a partir dessa normativa, o médico-veterinário passou a fazer parte do corpo de profissionais que atuam nos Programas de Residência Multiprofissional em Saúde e Residência em Área Profissional da Saúde, conforme Portaria Interministerial nº 45, de 12 de janeiro de 2007, emanada dos Ministérios da Educação e da Saúde, que “Dispõe sobre a Residência Multiprofissional em Saúde e a Residência em Área Profissional da Saúde e institui a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde”.

Por conseguinte, a Portaria nº 2488, de 21 de outubro de 2011, do Ministério da Saúde, que “Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)”, autorizou a inclusão do médico-veterinário nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs), permitindo, pois, que os Secretários de Saúde se valham dos médicos-veterinários nos quadros de atuação para a saúde familiar.

O CRMV-RJ lamenta a postura de um médico, profissional da saúde, diante de uma coluna sem embasamento e por não ter sido consultado acerca de tal reportagem. O Conselho Regional ressalta que seu corpo diretivo (Diretoria e Comissões) é formado por diversos profissionais com renomada capacidade técnica de arguir sobre qualquer assunto relativo à Medicina Veterinária e à Zootecnia.

“O médico-veterinário atua em diversas frentes, inserindo-se em diferentes atividades desde a exposição aos tutores de animais, atendendo a serviços de urgência e emergência, frigoríficos, indústrias de produtos de origem animal, até a vigilância epidemiológica e sanitária, sendo, indiscutivelmente, parte integrante do grupo prioritário para ser vacinado nos postos de saúde espalhados pelo Brasil. Vale salientar que a participação do médico-veterinário na saúde pública é de suma importância, sobretudo no que diz respeito à prevenção e minimização dos riscos de exposição dos homens às zoonoses, decorrentes da crescente demanda por alimentos de origem animal, ocasionando o incremento das indústrias zootécnicas e de rebanhos, além da expansão do mercado pet com aquisição de animais exóticos (aves ornamentais, hamsters, quelônios e serpentes), deslocamento de animais às feiras e exposições e manipulação de vírus e animais para desenvolvimento de fármacos e imunobiológico”, declarou o vice-presidente do CRMV-RJ, Diogo Alves.

O CRMV-RJ se coloca e sempre se colocou à disposição de todos os meios de comunicação para dirimir dúvidas, visando o bem-estar da Saúde Única (One Health): humana, animal e ambiental. Visto isso, o Conselho reitera um pedido de resposta ao colunista.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM