Demanda por Guzolando cresce no Brasil

A venda de animais está aquecida tanto na pecuária leiteira quanto na de corte; ABCZ registra várias composições raciais do Guzolando, indo do CCG 1/2 até o 5/8

Larissa Vieira – Com o preço do leite mais firme em 2020 e a arroba também em alta, quem trabalha com a venda de animais leiteiros viu seus produtos “desaparecerem” do curral. A demanda por fêmeas e machos Guzolando disparou pelo país. “A procura por machos Guzolando aqui no Espírito Santo é muito grande por conta da velocidade de ganho de peso e da qualidade da carcaça desses animais. A venda de fêmeas também está aquecida, pois elas permitem uma boa produção de leite seja a pasto ou em confinamento”, atesta o criador Carlos Fontenelle, da fazenda Fontenelle, localizada no Baixo Guandu/ES.

Já são 20 anos produzindo Guzolando a partir da própria base genética de Guzerá, que é selecionada há 92 anos na propriedade. A IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) é feita em parte das fêmeas do rebanho, utilizando para isso a genética de touros Holandês com excelentes avaliações genéticas/genômicas para características tais como facilidade de parto, úbere, pernas, uniformidade de pelagem, além da alta produção. Já a genética das melhores doadoras Guzerá é usada para produção de embriões.

Fazenda Escola Uniube - VACAS GUZOLANDO
Foto: Fazenda Escola Uniube

Em 2019, foram produzidos 120 exemplares Guzolando na fazenda Fontenelle, cujo rebanho é o maior em volume do país registrado pela ABCZ. Como o foco é a produção de genética, todos os animais são vendidos logo após a desmama. Apenas algumas fêmeas são retidas para serem utilizadas como receptoras na propriedade, e 100% dos machos comercializados para pecuaristas da região. “O índice de recompra é alto. Isso comprova a aceitação que o Guzolando tem no mercado”, reforça. Resultado que o criador credita em parte a dupla aptidão do Guzerá. “Selecionamos nosso rebanho com foco em raça, peso e leite, pois o duplo propósito é a aptidão do Guzerá.”, destaca Fontenelle.

Criador de Guzolando e Guzerá Dalton Canabrava / Foto: Divulgação

Na Bahia, o cenário é semelhante. Este ano, a demanda por fêmeas Guzolando prenhas aumentou na Empresa Agropastoril Antônio Balbino, que concentra a recria das novilhas em sua propriedade em Barreiras /BA. A produção anual gira em torno de 500 bezerros e bezerras. Parte dos produtos é vendido em leilão e outra parte na própria fazenda, que atende não só o Nordeste, mas também estados como Minas Gerais.

Selecionador de Guzerá há mais de 20 anos, Antônio Balbino segue no Guzolando a mesma direção, ou seja, produzir genética. O objetivo é chegar a um produto final capaz de reunir o melhor das duas raças-mães do cruzamento e, assim, atender a demanda por animais produtivos, menos exigentes e de alta adaptabilidade.

O rebanho Guzerá PO fica em João Pinheiro/MG. “As novilhas Guzolando são recriadas até os 11 meses em Minas e depois seguem para nossa unidade na Bahia, onde a partir dos 13 meses começam a ser desafiadas. Como o Guzolando é muito fértil e precoce, por volta dos 15,16 meses elas emprenham e aos 24 meses já estão parindo”, informa Balbino. Este ano, serão inseminadas 1.100 vacas Guzerá, de linhagem leiteira. O rebanho Guzolando da fazenda é registrado pela ABCZ.

Fazenda Escola Uniube - VACAS GUZOLANDO
Foto: Fazenda Escola Uniube

Hoje, a ABCZ registra várias composições raciais do Guzolando, indo do CCG 1/2 até o 5/8. E um dos rebanhos de maior variação de composições registradas é a fazenda Central Leite, em Curvelo/MG. São do criatório os primeiros touros Guzolando registrados. Um feito possível graças à determinação do criador Dalton Canabrava Filho em dar continuidade ao processo de seleção do Guzolando para futuramente chegar à animais 5/8, que seria sua fixação como raça. “É fundamental para o avanço genético do Guzolando que os criadores registrem seus animais, façam controle leiteiro e produzam outras composições raciais além do CCG 1/2″, explica Canabrava, que há 15 anos cria Guzolando.

O rebanho da Central Leite é composto por animais CCG 1/2, CCG 1/4, CCG 3/4, além do 5/8. A maior parte ainda é F1, mas o número de vacas 1/4 está sendo ampliado, pois a partir delas é possível fazer animais 5/8. “O Guzerá fornece adaptabilidade, rusticidade, bons úberes, boa estrutura e conformação ao Guzolando. São fêmeas muito longevas e que vão registrando um aumento nas lactações a partir da segunda cria e, em contrapartida, uma redução de intervalo entre partos. No meu rebanho, a média por lactação está acima de 7 mil kg em 305 dias nas CCG 1/2 e acima de 5 mil kg nas 1/4”, garante o criador.

Segundo ele, mercado não falta para o Guzolando. “É preciso ter animais em maior escala para atender o mercado, pois quem compra Guzolando não quer saber mais de outro cruzamento. A rentabilidade é muito boa”, finaliza Canabrava.

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