Santa Catarina debate medidas de prevenção à febre aftosa

Fórum debate medidas de prevenção à febre aftosa em Santa Catarina; evento virtual reuniu produtores, técnicos e lideranças sindicais

O Governo de Santa Catarina reuniu em videoconferência nesta quarta-feira (9/12) lideranças, técnicos e produtores rurais para debater o papel do setor produtivo na prevenção da febre aftosa no Estado. O encontro virtual foi transmitido pelo YouTube da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina e contou com a participação do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), José Zeferino Pedrozo, secretário da Agricultura Ricardo de Gouvêa, presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola (CIDASC), Luciane Surdi e do superintendente do Ministério da Agricultura (MAPA), Túlio Tavares.

Convidado a palestrar sobre o reconhecimento internacional do Estado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como única área livre de febre aftosa sem vacinação no Brasil, o presidente da FAESC relembrou toda a luta catarinense pelo status desde a década de 60. Pedrozo participou de todos os processos de certificação e ressaltou a importância do setor manter o status sanitário diferenciado para continuar competitivo e viabilizar novos mercados.

“É um privilégio ter passado por todas as fases e ter acompanhado desde o início essa busca que nos enche de alegria, orgulho e satisfação. Agora, temos a missão de não colocarmos em risco esse patrimônio que não foi fácil de conquistar. Para nós custou muito sacrifício, mas fizemos o nosso dever de casa e precisamos manter e aperfeiçoar o nosso status diferenciado”, grifou.

O dirigente resgatou como era feita a vacinação no Estado pelos 2.000 vacinadores da CIDASC, antes e depois da vacina se tornar obrigatória por lei – pelo Programa Agulha Oficial em 1993 – cuja abertura da campanha estadual foi feita na propriedade de Pedrozo, em Erval Velho. Também citou as conquistas de 1998 (CIDASC recebeu o certificado de área livre de febre aftosa com vacinação), 2000 (Secretaria da Agricultura declarou suspensão da vacinação e estabeleceu a prevenção de entrada de animais de outros Estados), 2006 (MAPA solicitou reconhecimento internacional da OIE ao Estado) e de 25 de maio de 2007, quando Santa Catarina foi finalmente reconhecida pela OIE em Paris. Em 2020, Santa Catarina completou 27 anos sem focos da doença e 13 de reconhecimento internacional.

“Participamos da caravana em Paris e podemos dizer que a conquista não seria possível sem a dedicação, o trabalho e a união de todos os segmentos do Estado – agroindústrias, produtores, lideranças do setor, governo e iniciativa privada. Nesta luta, houve consenso e por isso nossa missão foi vitoriosa”, sublinhou Pedrozo.

Ao destacar a importância do status diferenciado para o setor, o presidente da FAESC também salientou a necessidade de o Estado garantir maior competitividade e rentabilidade à pecuária de corte catarinense. Segundo ele, a pandemia desvalorizou os preços do boi vivo praticados em Santa Catarina e tem prejudicado os produtores.

“Até a pandemia, o melhor preço do boi era o de Santa Catarina. Na crise sanitária isso se inverteu, o que decepcionou os nossos pecuaristas. Se contamos com status sanitário diferenciado, precisamos ter preços diferenciados também. Hoje importamos quase 50% da carne bovina no Estado e notamos que nos outros Estados o boi gordo tem valorização constante, o que não está ocorrendo aqui. Esperamos que seja algo passageiro e que possamos reverter a situação pós-pandemia”.

O PAPEL DO PRODUTOR

Quando o assunto é febre aftosa, Santa Catarina se mantém como referência em saúde animal e defesa agropecuária. A CIDASC mantém 63 barreiras sanitárias fixas nas divisas com Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina, que controlam diuturnamente a entrada e a saída de animais e produtos agropecuários. Além disso, todos os bovinos e bubalinos do Estado são identificados e rastreados.

O status internacional permite o acesso aos mercados mais exigentes do mundo. Hoje, devido ao reconhecimento, as carnes suína e de frango produzidas em território catarinense são vendidas a mais de 150 países.

Neste ano, os estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia, parte do Amazonas e do Mato Grosso retirarem a vacinação contra a febre aftosa de seus rebanhos e também aguardam o reconhecimento internacional da OIE como áreas livres de febre aftosa sem vacinação. O superintendente do MAPA, Túlio Tavares, afirmou que é preciso estreitar a parceria entre os órgãos para manter o status catarinense e ampliar a certificação para outros Estados.

“O País inteiro precisa ser livre da febre aftosa, primeiro com vacinação, o que já é, depois sem vacinação. Isso fará o setor evoluir e ampliar fronteiras. Já temos qualidade, só precisamos avançar no controle. Santa Catarina já está em outro estágio, o da vigilância, da análise de risco, aliada à tecnologia para manter seu status. Para isso, o produtor precisa estar mais consciente da sua responsabilidade, comunicar o primeiro sintoma aos escritórios da CIDASC para uma resposta imediata. Essa resposta rápida, daqui para frente, será nossa avaliação”, observou.

Para a presidente da CIDASC, Luciane de Cássia Surdi, o Estado precisa estudar estratégias e discutir as mudanças para não perder a vantagem competitiva. “Esse reconhecimento nos oportunizou mercados importantíssimos para suínos e aves, além de apontar um mercado promissor para o leite, com a exportação. Precisamos mantê-lo”.

O secretário da Agricultura Ricardo de Gouvêa ressaltou que o trabalho de manutenção do status sanitário catarinense será ainda maior que o da conquista do certificado. “Se a gente precisa entrar no jogo, com produção e comercialização de produtos de origem rural, precisamos vestir a camisa e isso significa ter sanidade animal. Sem essa qualidade não entraremos no jogo”.

O coordenador Estadual de Vigilância para Febre Aftosa e Síndromes Vesiculares da CIDASC, Diego Rodrigues Torres Severo, citou o papel do produtor rural na prevenção da doença. “Não podemos desguarnecer nossa vigilância para não ocorrerem casos no Estado. O último foi em 1991, mas não podemos baixar a guarda, porque a propagação da febre aftosa é muito rápida. Por isso, precisamos muito do produtor rural. A gente tem plenas condições de atender toda e qualquer suspeita de notificação da doença”, informou.

A orientação aos produtores é para que comuniquem à CIDASC em qualquer suspeita da doença nas propriedades. São 135 escritórios no Estado, além de espaços mantidos em parceria com Prefeituras, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (ICASA).

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