Agronegócio movimenta mercado imobiliário; resultados positivos do setor impactam na comercialização dos imóveis, tanto para moradia quanto para investimento
Historicamente, o agronegócio sempre segurou a economia goiana e seus bons resultados movimentam toda a economia. No mercado imobiliário, essa relação está se tornando ainda mais intensa, especialmente em razão da queda da Taxa Selic. Atualmente fixada em 2,75%, ela diminuiu o rendimento de ativos tradicionais como poupança, fundos DI e Tesouro Direto, levando muitos investidores estão migrando para o mercado imobiliário. Com safra recorde prevista para 2021, repetindo os resultados positivos de 2020, muitos produtores irão optar por direcionar seu lucro para os imóveis.
O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2020 alcançou R$ 871,3 bilhões, tornando-se o maior da série histórica desde 1989. O crescimento real foi de 17% frente ao ano anterior. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os produtos que mais contribuíram para o resultado foram a soja, com crescimento de 42,8%; o milho, com 26,2%; a carne bovina, com 15,6%; e a carne suína, com 23,7%. Em Goiás, o VBP somou mais de R$ 72,5 bilhões, em 2020, crescimento de 18,7% em relação ao ano anterior e recorde entre os registros, feitos desde 1989. A cifra coloca Goiás entre os seis maiores estados, em relação ao VBP, com uma participação de 8,3% do total nacional.
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Para esse ano, a safra nacional de grãos deve atingir mais um recorde, o terceiro consecutivo, com 260,5 milhões de toneladas, um crescimento de 2,5% em relação a 2020. As informações estão no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o órgão, a estimativa final para a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2020 totalizou 254,1 milhões de toneladas. Goiás deve produzir 27,3 milhões de toneladas de grãos na safra 2021, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O grande destaque, neste levantamento, se dá pela soja, com aumento na produção estimado em 2,1%, passando de 13,2 milhões de toneladas na safra 2020 para 13,4 milhões de toneladas este ano.
Especialistas explicam que o imóvel ganha a preferência dos investidores porque tem o atributo da segurança: não oscila como as ações da Bolsa de Valores ou como as aplicações variáveis, sujeitas à oscilações da economia. Além disso, tem a rentabilidade do aluguel. “A expectativa é que neste ano será expressiva a entrada do pessoal do agro no mercado imobiliário. A colheita agora em março e abril vai gerar um acréscimo de dinheiro muito grande”, destaca o diretor da City Soluções Urbanas, João Gabriel Tomé, que está buscando parcerias com imobiliárias do interior para trazer o cliente para investir em imóveis em Goiânia, tanto para investimento quanto para moradia.
Ele diz que já percebe o aumento da participação desse nicho nas últimas vendas de imóveis. “Notamos recentemente uma busca maior pelo pessoal do agronegócio e como a cadeia é muito grande estamos atendendo muito o pecuarista, o agricultor, mas também pessoas que têm negócios vinculados à eles, como aluguel de máquinas, venda de sementes, agrônomos, veterinários, engenheiro florestal”, destaca o diretor da City Soluções Urbanas, João Gabriel Tomé.
O engenheiro agrônomo Mauro Becker atua com insumos agrícolas e percebeu o reflexo da super safra deste ano em seu negócio. “Esse mercado está bem aquecido, puxado pela safra de soja”, afirma ele, que é investidor e vê o mercado imobiliário como ideal para direcionar seus investimentos.
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Já investidor do mercado imobiliário e o agropecuarista de Catalão, no sudeste de Goiás, Roberto Paschoal Safatli, direcionou mais recursos para o setor. Roberto conta que tem preferência pelo mercado imobiliário, principalmente no ramo rural e alguns urbanos. Ele conta que tem alguns investimentos no mercado financeiro. Porém, neste ano, com a taxa de juros em baixa e o retorno das aplicações mais conservadoras em baixa, ele vai direcionar mais recursos para a compra de imóveis. “Adquiri algumas salas comerciais no Polaris, primeiro complexo comercial de uso misto de Catalão, mas também devo investir em imóveis rurais”, relata ele.
Expectativa do agronegócio para os próximos anos
Paulo Bessa explica que além do aumento da colheita, o agronegócio brasileiro também é influenciado pelo dólar. “O agronegócio é beneficiado pela alta do dólar, que influencia também no preço das commodities. E quando a safra aumenta, o lucro aumenta e os investimentos no mercado imobiliário também. Além disso, esses empresários não têm característica de investir em bolsa, gostam de renda fixa, mas como o rendimento dela está em baixa partiram para os imóveis”, explica o diretor comercial da URBS Imobiliária.
Outro exemplo é a empresária do agronegócio, Mirian Favoreto Squarizi (na foto em destaque), que possui propriedades rurais no Paraná, Goiás e Tocantins, produzindo soja, milho e sorgo. Ela é investidora no mercado imobiliário e também comprou duas salas comerciais no Polaris, em Catalão. A agropecuarista optou por investir na cidade por conta da proximidade com a família, pois seus filhos adotaram o município como lar. Em uma das unidades ela irá instalar um escritório. “Escolhemos montar nosso escritório da fazenda nesse novo projeto em Catalão por nos proporcionar segurança, conforto e também pela tecnologia de ponta na construção civil. Ele alia uma infraestrutura moderna à credibilidade dos investidores, como a Agropecuária Rampelotti, a URBS Imobiliária, a GVC e a Tropical Urbanismo”, destaca ela.
Em sua visão, o resultado da safra é o que estimula os investimentos. “Com certeza o resultado dessa safra 2020/21 será muito significativo, fortalecendo ainda mais o agronegócio brasileiro, que faz do País o celeiro do mundo. Isso faz com que além dos investimentos nas tecnologias para a inovação dos maquinários, também possamos investir mais no mercado imobiliário. O maior estímulo tem sido o preço dos grãos, pois como estão bem competitivos facilitam as negociações imobiliárias”, avalia.