Brasil surfa onda do boi

Carne bovina brasileira tem melhor resultado mensal da história; China e países do Sudeste Asiático estão drenando toda a proteína possível para lá.

As exportações brasileiras de carne bovina fecharam o mês de outubro com recorde em faturamento e nos volumes embarcados. Segundo dados da Secex, divulgados pela ABIEC, o volume exportado em outubro foi de 185.537 toneladas, crescimento 15% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado representa o maior volume mensal já embarcado pelo país e o maior faturamento em um mês. Em relação ao faturamento, o mês fechou com receita de US$ 808,4 milhões, 30% acima do mesmo mês em 2018. Se comparados ao mês de setembro, os resultados de outubro apontam alta de 33% no faturamento e 28% no volume embarcado.

Um dos principais aspectos para esses resultados é o avanço das exportações para a China, que em outubro somaram 65.827 toneladas, crescimento de quase 62% em relação ao mês anterior. Quando se observa os tipos de produtos, as vendas de carne in natura registraram alta de 29,4% em relação a setembro, somando 160.099 toneladas.

O Brasil abateu 8,35 milhões de cabeças de bovinos no terceiro trimestre, aumento de 4% em relação ao trimestre anterior e de 0,5% versus o mesmo período do ano passado, informou o IBGE. Já a produção atingiu 2,16 milhões de toneladas de carcaças bovinas no período, aumento de 8% em relação ao apurado no segundo trimestre e de 2,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, segundo os primeiros resultados da pesquisa Estatística da Produção Pecuária.

O aumento da produção de carnes do Brasil, maior exportador global de cortes bovinos e de frango, está sendo impulsionado principalmente pela demanda da China e de outros países da Ásia, notou o pesquisador Sergio de Zen, responsável pelas pesquisas de proteína animal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

A China, não só a China, mas países do Sudeste Asiático estão drenando toda a proteína possível para lá. Mas temos que observar que a economia global, EUA e Europa, estão em fase de crescimento, pequeno, mas estão crescendo”, disse De Zen à Reuters.

Preço da arroba quebrando recordes

Preços do boi voltam a disparar, elevando valor da carne no atacado. Alta do boi em 19 praças pecuárias, São Paulo teve arroba do boi acima de R$ 180. O mercado físico do boi gordo segue com preços em alta nas principais praças de produção e comercialização do país. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, o quadro de escassez de oferta é determinante para justificar toda essa movimentação nas últimas semanas, com recordes  superados diariamente.

Em São Paulo, os preços passaram de R$ 180,00 a arroba para R$ 182,00 a arroba. Em Minas Gerais, preços de R$ 180,00 a arroba, contra R$ 176,00 a arroba na sexta-feira. Em Mato Grosso do Sul, preços em R$ 173,00 a arroba, contra R$ 171,00 – R$ 172 a arroba. Em Goiás, o preço permaneceu em R$ 170,00 a arroba, em Goiânia. Já no Mato Grosso o preço subiu de R$ 159,00 a arroba para R$ 161,00 a arroba.  

Marfrig
Foto: Marfrig/Divulgação

Após reverter prejuízo e lucrar R$ 100,4 milhões, Marfrig registra valorização

A companhia informou que teve, no terceiro trimestre, mais uma vez lucro líquido crescente, com o resultado consolidado de R$ 100,4 milhões, contra um prejuízo de R$ 126,3 milhões do mesmo período de 2018. Porém, o resultado veio a abaixo da previsão média de analistas compilada pela Refinitiv, de lucro líquido de 211,5 milhões de reais para o trimestre.

Entre julho e setembro, a Marfrig registrou recorde em vários de seus indicadores financeiros. A receita líquida consolidada foi de R$ 12,7 bilhões, o melhor resultado histórico para um trimestre. Em relação ao mesmo período de 2018, marcado por aumento substancial das vendas após a greve dos caminhoneiros, o crescimento foi de 3,6%.

Brasil deve bater recorde de exportações de carne bovina em 2019, diz Rabobank. As exportações brasileiras de carne bovina em 2019 devem crescer 3,9% ante o ano anterior e bater recorde, de acordo com estimativas do Rabobank em relatório trimestral divulgado recentemente. O motivo seria a maior demanda da China, do Egito e a reabertura da Rússia no fim do ano passado. Além disso, o câmbio deve favorecer os preços e a produção no País.

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