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‎Tétano‬ equino: prevenção, alta letalidade e tratamento oneroso

Dentre as enfermidades passíveis de profilaxia pelo manejo sanitário, o tétano está na primeira prioridade. A espécie equina é considerada a mais sensível entre as domésticas e 3 entre 4 animais atingidos invariavelmente morrem.

A enfermidade mesmo em humanos que usualmente possuem mais recursos terapêuticos é considerada grave. Em animais de grande porte, apenas aqueles de valor afetivo ou econômico é que o tratamento é tentado.

A enfermidade é causada por uma bactéria (Clostridium tetani) que convive normalmente na flora bacteriana intestinal dos animais e no solo é capaz de sobreviver por muitos anos em forma esporulada.

A contaminação se dá pela instalação de bactérias em ferimentos, na grande maioria das vezes, pequenos ferimentos nas patas advindos de arranhões (esporas, arames, cravos de ferradura) os quais pelas suas dimensões não se observam ou não são considerados importantes, deixando-os cicatrizar naturalmente. Ferimentos resultantes de procedimentos cirúrgicos (extrações dentárias, castrações, tumores) são igualmente preocupantes.
Nos tecidos dos animais, a bactéria produz potentes toxinas com tropismo pelo sistema nervoso as quais se acoplam em interneurônios inibitórios pré-sinápticos de forma bastante estável, evitando a liberação de neurotransmissores inibitórios (Glicina, GABA) resultando em descarga excitatória permanente de α-neurônios motores.

tetano equinos 1

Assim, o animal desenvolverá após período de incubação variável (4 a 20 dias), sinais de paresia espástica, visualizados clinicamente por rigidez muscular, marcha travada até a imobilidade, orelhas e caudas eretas, travamento da mandíbula impossibilitando o animal de comer e beber, salivação (impossibilidade de deglutir saliva), hiper sensibilidade aos estímulos externos sonoros e visuais, protrusão da terceira pálpebra. Sinais digestivos (cólicas, timpanismo, constipação) e respiratórios (dilatação das narinas, esforço respiratório, taquipnéia) podem estar presentes. Alguns casos de tétano localizado também podem ocorrer.

Os sinais variam com o grau de produção de toxina, ou seja, mais ou menos produção implicará no aparecimento de sinais mais ou menos evidentes. Importante notar que quanto mais rapidamente aparecem os sinais, mais grave o caso é considerado e o prognóstico torna-se mais reservado.
A prevenção é conseguida com a vacinação, mas o esquema vacinal pode variar de acordo com a idade e status imunológico do animal. Animais vacinados que sofreram algum ferimento podem receber uma dose de reforço para elevarem seus níveis de anticorpos. Ferimentos em animais não vacinados ou com status vacinal desconhecido- administrar soro antitetânico, a dose sempre será a critério do médico veterinário.

É importante ressaltar que ferimentos acidentais devem ser higienizados com soluções antissépticas apropriadas e protegidas quando possível através de curativos. A bactéria prefere ambientes com pouco oxigênio (anaeróbicos), multiplicando-se com rapidez em ferimentos profundos. Assim recomenda-se que crostas de ferimentos sejam removidas nos curativos. Procedimentos cirúrgicos devem ser antecedidos de antissepsia padrão.
Com relação ao tratamento, deve ser definido o prognóstico do animal e custos envolvidos em virtude da qualificação do processo como de terapia intensiva.

Há algumas novidades neste campo e a escolha dos fármacos e procedimentos devem ser feitos caso a caso:

  • Identificando-se a possível ferida fonte da produção de toxinas, a mesma deve ser debridada, lavada com antissépticos (KMNO4 ou H2O2 no primeiro dia, depois hipoclorito de sódio). Antitoxina tetânica pode ser infiltrada nos tecidos adjacentes;
  • O C. tetani é sensível à penicilina, assim tem sido aplicada por via sistêmica. Em virtude se sua atividade pró-convulsivante, este antibiótico deve ser evitado em casos mais graves, preferindo-se metronidazol;
  • Antitoxina tetânica em altas doses pela via subcutânea ou intravenosa deve ser utilizada e associação pela via intra-tecal deve ser considerada;
  • Tranquilizantes e relaxantes musculares melhoram o bem-estar dos animais e aliviam contraturas. Sulfato de magnésio (bolus + infusão contínua) pode ser recomendado como droga com estes efeitos prolongados. Neuroleptonalgésicos ou benzodiazepínicos são boas alternativas;
  • A piridoxina eleva a atividade da enzima decarboxilase glutâmica, elevando a conversão de ácido glutâmico ao GABA (mediador inibitório);
  • As crises produzem muita dor muscular, assim, opióides ou DAINES podem ser recomendados;
  • Fluidoterapia, vitaminas, alimentação parenteral ou por sonda gástrica, esvaziamento do reto e bexiga, camas confortáveis para evitar úlceras de decúbito fazem parte das terapias de apoio e manutenção;
  • Manutenção dos animais em baias tranquilas e escuras é importante para minimizar crises.
http://bibocaambiental.blogspot.com/2016/01/horta-caule-da-bananeira.html
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